A morte de centenas de peixes no canal que liga a Lagoa do Peixoto à Lagoa da Pinguela, em Osório, chamou atenção de especialistas e da comunidade local.
O fenômeno, registrado pelo professor Eduardo Ruppenthal, aponta para uma grave proliferação de algas, conhecida como floração algal, que tem consequências ambientais preocupantes.
As algas, de cor esverdeada, se espalharam devido a uma combinação de fatores: alta luminosidade, temperaturas mais elevadas e o aumento de nutrientes como nitrogênio e fósforo na água.
Esses nutrientes, segundo o professor, são derivados da poluição, incluindo o uso de agrotóxicos como glifosato e a retirada da vegetação ciliar para a construção de empreendimentos imobiliários próximos ao canal.
O fenômeno pode estar associado à floração de cianobactérias, organismos que, em algumas condições, produzem toxinas prejudiciais à saúde humana e animal.
Além disso, a mortandade de peixes, uma consequência da redução de oxigênio na água causada pela decomposição das algas, evidencia o impacto na biodiversidade local.
Esse evento reflete problemas ambientais similares aos ocorridos em Tapes e em outras áreas banhadas pela Lagoa dos Patos, onde a forte coloração esverdeada da água já preocupava moradores e especialistas.
A retirada da mata ciliar, realizada para dar espaço a condomínios, intensifica o problema.
O professor Ruppenthal fez um alerta para os impactos da especulação imobiliária na região, especialmente porque o canal é utilizado como atrativo na propaganda dos empreendimentos.
Outro ponto alarmante é o uso de agrotóxicos, como o glifosato, para capina química nos arredores do canal.
Apesar de sua proibição por lei, a substância ainda é amplamente empregada, aumentando a carga de nutrientes e contribuindo para a degradação ambiental.
Para mitigar o problema, especialistas destacam a importância de ações integradas, como o monitoramento da qualidade da água, a proibição rigorosa do uso de agrotóxicos, o reflorestamento da mata ciliar e a fiscalização de empreendimentos que impactam o meio ambiente.
Lucas Filho