Ainda estamos em janeiro, mas 2024 já é o ano em que a inteligência artificial (IA) generativa avança para celulares e outros eletrônicos.
O mais novo nome a impulsionar o movimento é a Samsung, que apresentou na semana passada o seu Galaxy AI, ecossistema de IA que vai integrar os novos celulares da marca, a família Galaxy S24. A promessa é de que isso mude nossos telefones para sempre.
A tendência já tinha dado as caras durante a Consumer Electronics Show (CES), que aconteceu em Las Vegas na primeira semana de janeiro.
Conhecida por ser a maior feira de eletrônicos no mundo, o evento reuniu milhares de empresas em busca de holofotes – e a IA foi o grande destaque da temporada.
Durante o evento, a IA generativa surgiu em eletrônicos portáteis dedicados, com IA embutida, que não dependem de sistemas de outras empresas, como o ChatGPT, da OpenAI.
Entre esses aparelhos, estão o AI Pin, pequeno broche que projeta e permite a utilização de apps literalmente na palma da mão do usuário; o Kettle X1, uma espécie de radinho de pilha que traduz conversas automaticamente; e até um robozinho chamado R1, da AI Rabbit, que promete usar aplicativos de celular de uma forma menos “viciante”, poupando o tempo do usuário diante das telas do celular.
De carona na CES, o Galaxy S24 reforçou ainda mais como a IA deve parar nos nossos bolsos nos próximos meses. O lançamento incluiu ferramentas de transcrição e tradução de chamadas telefônicas e de voz, ferramentas de resumo, formatação e correção ortográfica, edição e geração de ajustes de imagens a partir das câmeras do celular.
“Sem dúvida, estamos ingressando em uma nova fronteira de dispositivos móveis que se integrarão de forma relevante com a inteligência artificial, ampliando as capacidades por meio de chips que contenham nativamente essa função”, explica Márcio Kanamaru, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG no Brasil, em entrevista ao Estadão.
A maior parte desses recursos, por exemplo, não são novos para o público – para transcrição de áudio, existem ferramentas como o Pinpoint, do Google, enquanto para tradução há o DeepL. Ainda, o resumo e organização de informações pode ser feito, por exemplo, no ChatGPT. Agora, tudo isso passa a virar um conjunto de ferramentas embutidas nos próprios aparelhos.
No caso da Samsung, a construção de um modelo amplo de linguagem (LLM, na sigla em inglês) próprio ajuda a “naturalizar” o funcionamento das ferramentas no telefone. Também é possível construir um sistema moldado aos aplicativos da empresa e desenvolvidos de acordo com a capacidade de seus processadores. Para quem também vende hardware, os novos recursos de IA podem tirar a indústria de um platô de inovação e impulsionar vendas – segundo a consultoria IDC, o mercado global recuou 3,2% em 2023.
Mas a grande expectativa é como a Apple deve se posicionar nesse mercado. A empresa fabricante do iPhone tem sido tímida em relação à IA, afirmando apenas que tem trabalhado no desenvolvimento de um modelo de linguagem e em parcerias com veículos de mídia para alimentar sua IA.
Durante o evento de lançamento de seus smartphones, em setembro de 2023, o assunto não foi pautado entre as novidades – mesmo após quase um ano do “boom” da OpenAI. E esse atraso no mercado de IA já custou à Apple o posto de empresa mais valiosa do mundo.
Mas nem tudo são flores. Segundo Thomas Husson, analista sênior da consultoria internacional Forrester, a Samsung ainda precisa enfrentar o desafio de convencer e ensinar um público menos especializado que a IA vale a pena – e que, por consequência, o S24 vale o custo.
O modelo mais barato da linha vai sair por R$ 6 mil, enquanto o mais caro ficará por volta de R$ 13 mil.
O investimento é grande para ter ferramentas que, com alguns cliques a mais, podem ser encontradas também disponíveis online.
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