Sarah Silva Domingues, 28 anos, cursava arquitetura e, segundo Polícia Civil, não era alvo de atiradores.
Uma estudante da UFRGS foi uma das pessoas mortas na noite de terça-feira (23), quando Porto Alegre registrou três assassinatos.
Sarah Silva Domingues, 28 anos, fazia um trabalho de faculdade na Rua do Pescador, na Ilha das Flores, bairro Arquipélago.
Por volta das 19h30min, foi atingida por tiros disparados por homens que passaram em uma moto pelo local, e não resistiu.
A Polícia Civil afirma que a aluna não tinha qualquer ligação com o crime.
Sarah nasceu em São Paulo e morava em Porto Alegre há cerca de oito anos, segundo pessoas próximas.
Ela cursava arquitetura e, atualmente, fazia o trabalho de conclusão de curso, o TCC.
O tema era os alagamentos nas ilhas, em razão das chuvas na Capital.
— Estava realizando um trabalho de campo sobre as enchentes, era uma estudante universitária. O alvo (dos disparos) seria a outra vítima, dona do estabelecimento comercial — diz o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Thiago Lacerda.
O dono de um mercadinho também foi morto no mesmo ataque. Valdir dos Santos Pereira, 53 anos, seria o alvo, segundo a polícia. A polícia apura a a motivação e os responsáveis pelas mortes.
Após a jovem ser atingida, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas ela não resistiu e morreu no local.
Segundo a Brigada Militar, equipes foram acionadas por moradores da região que ouviram os disparos.
— Foi atingida por disparos que não eram para ela. Estava no local na hora errada. Era alguém que dedicava a vida a construir um mundo melhor, a lutar contra injustiças, e usava também seus conhecimentos na área da arquitetura para isso, tanto que o TCC era sobre alagamentos na região das ilhas — disse uma pessoa próxima à jovem, que preferiu não se identificar.
Entidades manifestam pesar
Nesta tarde, amigos e colegas da jovem organizam protesto em frente à Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na Rua Sarmento Leite.
O ato buscou homenagear a jovem e pedir justiça. A morte da Sarah foi comunicada pelo movimento Casa Mirabal, que faz o acolhimento de mulheres em situação de violência na Capital. Segundo a postagem, Sarah já havia atuado como coordenadora da casa, “dedicando sua vida a salvar a vida de outras mulheres e crianças”.
“Foi dirigente da União da Juventude Rebelião (UJR), organização à qual dedicou seus melhores anos e toda sua alegria de vida, tornando-se uma das principais lideranças estudantis de Porto Alegre. Estudante de Arquitetura, foi coordenadora do Movimento Correnteza, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Diretório Central dos Estaduntes da UFRGS, do Diretório Acadêmico da Arquitetura e membro do Conselho Universitário da UFRGS”, diz o texto.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) manifestou “pesar e indignação” com a morte da estudante. A instituição afirma que “aguarda a devida apuração dos fatos e a punição dos responsáveis por esta tragédia”.
“Aos colegas, amigos e familiares, o nosso mais profundo sentimento. Lamentamos pelo ocorrido com a Sarah. As nossas melhores lembranças de Sarah serão sempre vinculadas à luta por direitos, tanto de estudantes quanto das pautas caras à Arquitetura e ao Urbanismo, como moradia digna e justiça social!”, declarou em nota a conselheira federal suplente do CAU/RS e professora da UFRGS, Inês Martina Lersch.
Terceira morte
A noite de terça-feira registrou ainda uma terceira morte, no bairro Restinga, na zona sul da Capital. Por volta das 23h, um homem foi morto no Acesso Círio Amaral de Oliveira. Ele foi identificado como Eder Rafael de Oliveira Canto, 41 anos.
De acordo com informações do 21º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Canto estava caminhando pela rua quando foi abordado por um homem de bicicleta, que atirou várias vezes e fugiu logo depois.
O Samu foi acionado, mas a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local. As equipes apuram a motivação para a morte.
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