Com calor intenso e número reduzido de participantes, evento manteve tradição e reuniu cavalarianos do Brasil e do Uruguai.
Depois de seis dias cruzando o Litoral Norte do Rio Grande do Sul, a 39ª Cavalgada do Mar chegou nesta sexta-feira (28) ao Parque do Balonismo, em Torres. O evento, organizado pelo Instituto Cultural Cavalgada do Mar, contou com cerca de 480 cavalarianos na largada, em Cidreira, no último domingo, e encerrou o trajeto com aproximadamente 90 participantes.
Apesar das dificuldades causadas pelo calor intenso, o balanço da organização é positivo. “Avaliamos a cavalgada como ótima, apesar dos dias muito quentes, que exigiram bastante tanto dos cavaleiros quanto dos cavalos. Mas conseguimos concluir o percurso dentro do previsto”, destaca João Puerari, que representou o comandante do evento na chegada.
Embora a Cavalgada do Mar seja reconhecida por reunir centenas de participantes em algumas edições, este ano o número foi menor do que o esperado. Segundo Puerari, um dos principais fatores para essa redução foi o retorno das aulas, que impediu a participação de muitas crianças e mães que costumam integrar o evento. “Tivemos uma queda no número de participantes porque o início do ano letivo fez com que algumas famílias precisassem voltar antes”, explica.
Além do calor, que chegou a causar desgaste em alguns animais, a jornada exigiu cuidados especiais com os cavalos. De acordo com Alemão Schardosim, diretor de cavalgada, a equipe veterinária teve um papel fundamental para garantir o bem-estar dos animais ao longo do trajeto. “Tivemos algumas baixas no caminho por conta do cansaço e problemas no lombo, mas tivemos uma equipe muito dedicada, que trabalhou para manter os animais em condições adequadas, ressalta Schardosim.
O ritmo da cavalgada foi intenso: os participantes percorriam entre quatro e cinco horas diárias, saindo pela manhã e finalizando a jornada perto do meio-dia, antes das temperaturas mais altas. No último dia, a duração foi maior, já que o trecho final até Torres foi o mais longo do percurso. “Hoje o percurso exigiu entre seis e sete horas a cavalo, mas a chegada é sempre um momento gratificante. Marcamos a areia do nosso litoral com a pata do cavalo e mantemos viva essa tradição”, completa Schardosim.
Integração internacional e chegada com festa
Entre os participantes, a edição deste ano contou com um grupo de 16 uruguaios, sendo 11 cavaleiros, que vieram especialmente para a cavalgada. Carlos Bustamante, advogado de Montevidéu, participou pela primeira vez e ficou encantado com a experiência. “Foi uma vivência hermosa, tanto na cavalgada quanto no acampamento. O que mais marcou foi a confraternização, a amizade com o povo gaúcho e com os companheiros uruguaios”, conta.
A tradição da cavalgada também proporciona reencontros. O cavalariano Evanir Strohm, de Santa Cruz do Sul, voltou a participar do evento após um período afastado e destacou a importância da integração entre os participantes. “A gente sempre faz amigos em cavalgadas e depois se reencontra. Neste ano, encontrei um amigo de Santa Catarina que conheci em outra cavalgada. Isso faz parte do espírito do evento”, relata.
O calor foi, na opinião dele, o maior desafio deste ano. “Alguns dias foram difíceis, porque chegávamos perto do meio-dia, e o sol estava muito forte. Mas, pela experiência, vale a pena”, afirma.
A chegada em Torres foi celebrada com uma recepção especial organizada pela Prefeitura, no Parque do Balonismo. Com músicas tradicionalistas e carreteiro, os participantes tiveram um final à altura da jornada que tiveram durante os seis dias.
O prefeito Delci Dimer destacou o esforço da equipe municipal para acolher os cavalarianos da melhor forma possível. “Nossa equipe se dedicou para tornar a chegada o mais acolhedora possível. Tivemos um carreteiro, refrigerantes e todo um preparo do parque, com limpeza e organização, para receber os participantes com conforto”, concluiu o prefeito.
O evento contou com o apoio da Guarda Municipal e do Departamento de Trânsito para garantir a segurança dos cavaleiros no trajeto final. Além disso, a Secretaria de Obras e Esportes auxiliou na estrutura do local de recepção.




Correio do Povo