Sobrevoo científico registra 216 baleias-francas entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Bleias-branca são animais ameaçados de extinção, tendo uma população de 500 animais no Brasil. | Foto: Carolina Bezamat / Divulgação / CP

Ação ocorreu entre os dias 16 e 17 de setembro.

O número de baleias-francas que visitam o litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul nesta temporada foi contabilizado e atualizado nos últimos dias 16 e 17 de setembro, durante dois sobrevoos de helicóptero.

A expedição registrou 216 baleias-francas, sendo 214 mães com dois filhotes e dois adultos solitários. Foi percorrido um trecho entre Cidreira, no litoral norte gaúcho, e Florianópolis.

Em Santa Catarina, a maior concentração foi entre as praias da Ribanceira e Ibiraquera, no município de Imbituba, com 46 baleias, e outras 36 entre o extremo norte da praia de Itapirubá e a praia da Vila (ambas também em Imbituba).

Em Florianópolis, a maior avistagem foi na Praia do Moçambique, com 26 desses mamíferos aquáticos. E, por fim, no Rio Grande do Sul, a maior quantidade ocorreu em Imbé, com oito baleias avistadas.

As datas se justificam por serem justamente no auge do período de visitas desses cetáceos à costa brasileira. A empreitada foi uma ação conjunta do Programa de Monitoramento das Baleias-francas da SCPAR Porto de Imbituba e do Projeto Franca Austral, realizado pelo Instituto Australis, com patrocínio da Petrobras.

Segundo Eduardo Renault, gerente de Pesquisa do ProFRANCA, “o monitoramento aéreo é fundamental para entendermos como as baleias-francas estão respondendo aos esforços de conservação da espécie, tendo em vista que a partir dele podemos estimar os parâmetros demográficos da população. Um sobrevoo com um número elevado de baleias como o de 2024 aumenta a chance de encontrarmos baleias já conhecidas. E, é essa a informação que precisamos para gerar os modelos estatísticos que resultam em números como o tamanho populacional e as taxas de crescimento anual.”

Durante o monitoramento aéreo, com uma equipe de dois observadores e um fotógrafo, foi realizado o censo e o registro da localização dos indivíduos, além da fotografia das baleias. “As fotos são utilizadas na identificação das baleias adultas, já que suas calosidades sobre a cabeça funcionam como uma impressão digital”, afirma Karina Groch, diretora do ProFRANCA.

De acordo com Mariana Favero Silvano, bióloga e coordenadora técnica do Programa de Monitoramento de Cetáceos do Porto de Imbituba, executado pela empresa Acquaplan, que integrou a expedição como observadora secundária/auxiliar, “a temporada reprodutiva de 2024 tem surpreendido muito, com o número de baleias presente em nosso litoral. Esse aumento das avistagens ao longo dos anos nos deixa imensamente felizes, pois é uma resposta positiva da recuperação populacional desse animal que foi caçado por séculos em nosso litoral.”

Este monitoramento data do final da década de 1980 e o maior número registrado foi de 273 baleias avistadas, em 2018. No ano passado foram contabilizadas 225. Para Urbano Lopes de Sousa Netto, diretor-presidente da SCPAR Porto de Imbituba, “a Expedição Baleia-Franca trouxe resultados excelentes para todos que trabalham pela conservação da espécie”.

 

Monitoramentos

Um monitoramento sistemático a partir de terra está sendo realizado pelo projeto ProFRANCA ao longo de 15 pontos fixos na região da APA da Baleia-Franca. A metodologia empregada dá continuidade aos estudos de longo prazo realizados pelo Instituto Australis, para avaliar a abundância, o padrão de distribuição, a sazonalidade e o comportamento das baleias-francas.

Na região do Porto de Imbituba, o Programa de Monitoramento das Baleias-Francas integra o Plano de Controle Ambiental (PCA) da SCPAR Porto de Imbituba. Realizado há 16 anos, o trabalho abrange duas metodologias: monitoramento aéreo e terrestre. Por terra, a observação ocorre em pontos fixos nas enseadas das praias do Porto e da Ribanceira, entre os meses de julho e novembro, e é executado pela empresa Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental.

O monitoramento da frequência dos cetáceos na região possibilita que o Porto estabeleça controles operacionais voltados à conservação da espécie. “As informações coletadas ao longo da temporada permitem analisar a frequência de uso e comportamento das baleias, a fim de garantir a segurança e a conservação da espécie em harmonia com a continuidade das operações portuárias”, avalia Camila Amorim, oceanógrafa da SCPAR Porto de Imbituba.

 

As baleias-francas

A baleia-franca é uma espécie ainda ameaçada de extinção no Brasil, e conta com uma população estimada em cerca de 500 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4% ao ano.

Os números são resultado de uma tese de doutorado, contemplando uma análise de 15 anos de dados dos sobrevoos de monitoramento da espécie.

A realização e continuidade deste monitoramento sistemático de longo prazo é fundamental para acompanhar a recuperação populacional da espécie no sul do Brasil.

 

Correio do Povo

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