“Quebrou os ossos para colocar na mala”, relata policial sobre confissão da mãe de Miguel

"Ela falando com uma tranquilidade absurda. Em 12 anos de profissão, esses 15 minutos com ela foi uma tortura para mim”, disse Ícaro

Relato do policial militar Ícaro Ben-Hur dos Santos foi um dos momentos marcantes na tarde desta quinta-feira, 4, e abordou o momento da confissão feita por Yasmin.

Um dos momentos mais impactantes do primeiro dia do julgamento do caso Miguel foi o depoimento prestado pelo policial militar Ícaro Ben-Hur dos Santos.

Ele foi um dos primeiros policiais que atenderam a ocorrência.

O relato de Ben-Hur aborda os primeiros instantes de quando a mãe de Miguel dos Santos Rodrigues, foi à delegacia registrar ocorrência de desaparecimento do menino.

Durante o atendimento da ocorrência, o policial militar foi até a residência da família, onde a mãe do menino teria investido contra os agentes de segurança e, depois de algemada, teria confessado a morte do menino.

O relato forte traz detalhes do crime. Durante o relato do policial, Yasmin esboçou estar emocionada e chorou no tribunal.

“A Yasmin foi o tempo todo muito educada comigo, respondendo todas as minhas perguntas. Querendo ajudar, deixamos a ocorrência do flagrante de tráfico, que estava em andamento, e fomos até a casa. A ideia é era ajudar. Quando chegamos na rua da pousada, a Yasmin ‘ficou fora’ de si. Ela estava muito agressiva, nem parecia mais a mesma. Naquele momento, eu tive certeza que o Miguel estava ali e queria salvar ele”, recordou.

Ben-Hur também falou sobre o estado em que a residência da família se encontrava quando a guarnição chegou ao local. “Quando adentramos na pousada, saiu muita gente e, após explicar o que estava acontecendo, eles relataram que ouviam gritos frequentes no apartamento delas. Consegui algemar ela e, depois, relatou que teria matado o Miguel. Que ela batia nele, que deixava ele dormindo no roupeiro, deixava sem comer por muitos dias. Dentro de um poço de luz tinha uma coberta, e que ali era onde ele dormia. O tempo todo, a Yasmin só demonstrava uma preocupação: com a Bruna”, completou.

O ponto alto do depoimento foi quando o policial deu detalhes da confissão de Yasmin, principalmente com relação à morte de Miguel e de como o corpo do menino foi colocado dentro de uma mala e jogado no rio. “Eu perguntei como é que foi a morte dele e ela relatou que no dia anterior teria administrado remédios psiquiátricos junto com caldo de feijão para ele. Ela disse que voltou algumas horas depois e que ele já estava gelado, que a mandíbula já estava cerrada e que ele não tinha mais respiração. Eu perguntei o que ela fez com ele. Ela disse que colocou ele dentro de uma mala e caminhou até o rio Tramandaí. Ali, ela abriu a mala e deixou cair no rio. Ela disse que quando largou ele no rio, uma onda passou por cima e levou ele. Ela contou que ele estava magro, pele e osso, e que quebrou as pernas e braços para colocar dentro da mala, em posição fetal. E em todo esse momento, ela falando com uma tranquilidade absurda. Em 12 anos de profissão, esses 15 minutos com ela foi uma tortura para mim”.

 

Correio do Povo

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