Precipitação deverá causar uma nova onda de vazão nos rios.
Um novo episódio de chuva excessiva poderá agravar o cenário de enchente no Rio Grande do Sul. Segundo informações da MetSul Meteorologia, a instabilidade retornará ao território gaúcho já neste sábado e no domingo.
A precipitação deverá causar uma terceira onda de vazão nos rios, pegando corpos hídricos já inundados. Não há, no entanto, a expectativa de um cenário semelhante ao segundo semestre de 2023 ou maio de 2024.
Conforme a MetSul, um ar mais quente irá avançar sobre Santa Catarina e Paraná, enquanto uma nova massa de ar frio de origem polar deve ingressar no Norte e no Nordeste da Argentina.
O contraste térmico entre as duas massas vai gerar a instabilidade no Sul do Brasil, trazendo chuva intensa com altos volumes. Há ainda a possibilidade de temporais e queda de granizo.
O tempo começa a se instabilizar ainda na manhã de sábado com chuva em pontos da Metade Norte gaúcha. Da tarde para a noite, a instabilidade ganha força com chuva na maior parte do estado, exceção de algumas localidades da fronteira com o Uruguai.
No domingo, com uma área de baixa pressão na costa e o avanço do ar mais frio sobre a massa de ar quente mais ao Norte, a chuva tende a se intensificar muito em horas entre a madrugada e de manhã na Metade Norte gaúcha, diminuindo e parando em muitos pontos da tarde para a noite, embora ainda chova em alguns locais.
A instabilidade irá potencializar alagamentos em zonas urbanas nas Missões, no Planalto Médio, nos vales, Serra, Grande Porto Alegre e o Litoral Norte.
Em alguns pontos, a chuva do final de semana, em intervalo de apenas 12 horas, pode atingir 100 mm a 150 mm, ou seja, acumulados equivalentes a quase ou à integra da média histórica de precipitação de junho inteiro.
Elevação de rios
A MetSul alerta para a situação hidrológica do Rio Grande do Sul, que é delicada e deverá se agravar com a precipitação do final de semana.
A situação poderá evoluir para um cenário crítico em algumas localidades, principalmente a região Metropolitana.
Rio Guaíba
O Guaíba recebe as águas de todos estes rios (Jacuí, Taquari, Caí, Sinos e Gravataí). Uma vez que o nível estará ainda muito alto e haverá uma terceira onda de vazão, e que pode ser significativa, inevitavelmente o nível subirá na semana que vem, com terça a quinta sendo os dias de maior preocupação pelo tempo que a vazão leva para percorrer os rios chegar a área de Porto Alegre.
Os volumes de chuva, embora altos, mesmo com o Guaíba elevado, não indicam uma repetição de maio de 2024.
Há possibilidade de o nível do Guaíba atingir marcas muito altas, o que pode colocar a região das Ilhas em uma situação grave.
O rio alto agrava a situação da inundação em Canoas, na praia de Paquetá, e represa o Sinos e o Gravataí nas pontas finais das bacias com alto risco em Canoas, Gravataí, Cachoeirinha e o Arroio Feijó (Alvorada).
Rio Taquari e Rio Caí
A precipitação deve trazer uma nova onda de vazão, a terceira, com cheia do Rio Taquari no vale. É alta a probabilidade de superar a primeira, quando o Taquari chegou a 23 metros em Lajeado, e excederá a segunda (repique) que teve 18 metros.
Panorama parecido está previsto para o Rio Caí, onde se espera que o nível supere o atingido na primeira onda de vazão na cheia da semana passada, que atingiu quase 13 metros em São Sebastião do Caí.
Apesar de não prevermos marcas extremas, a enchente pode ter média a grande proporção no Vale do Caí.
Rio do Sinos
O Rio do Sinos, que ainda está com cheia e acima da cota de inundação na área metropolitana, apesar de baixando, enfrentará um aumento pronunciado do nível com possibilidade de uma cheia de grande porte, embora não comparável a maio de 2024.
O corpo hídrico receberá um grande volume de água do Paranhana, que pode atingir cotas de inundação, e das nascentes entre o Litoral Norte e a Serra na região de Caraá.
A chuva pode novamente cair com altos volumes em parte da bacia do Jacuí, apesar de não com acumulados extremos da semana passada.
Com isso, em algumas áreas em que o Jacuí já baixa, embora ainda elevado, no Centro do estado, há risco de repique de cheia.
Na parte final da bacia, em Eldorado do Sul, onde a cheia está ao redor do seu pico, há potencial de agravamento principalmente pelo nível do Guaíba.
Correio do Povo