Organizador de eventos e defensor dos festivais regionais teve complicações de saúde. Cerimônia de despedira irá ocorrer na segunda-feira (17), no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
Morreu na manhã deste domingo (16) o produtor musical Ayrton dos Anjos, o Patineti, aos 82 anos. Conforme informado por Caetano dos Anjos, filho do músico, o falecimento ocorreu em decorrência de complicações de saúde.
Nascido em Porto Alegre em dezembro de 1941 e com mais de seis décadas dedicadas à música, Patineti — apelido dado pela cantora Elis Regina — ficou conhecido por lançar nomes do Rio Grande do Sul, como Bebeto Alves e Renato Borghetti, pelo Brasil. Também organizou shows e temporadas que espalharam a arte feita no Estado.
A cerimônia de despedira irá ocorrer na segunda-feira (17), das 10h às 16h, no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), em Porto Alegre.
Trajetória musical
Ayrton dos Anjos foi radialista, organizador de festas e festivais, vendedor de discos, representante comercial de gravadoras e um dos produtores fonográficos mais requisitados do Rio Grande do Sul.
Ele produziu artistas dos mais variados estilos musicais, como Nico e Neto Fagundes, Os Serranos, Luis Carlos Borges, Elton Saldanha, Luiz Marenco, João de Almeida Neto, Berenice Azambuja, Rui Biriva, Os Monarcas, Renato Borghetti, além de bandas como Se Ativa, Vera Loca, Chimarruts e Fresno.
Defensor dos tradicionais festivais de música, ele foi o primeiro a incentivar o movimento, participando das Califórnias da Canção Nativa. Também foi um dos responsáveis por criar o projeto do programa Galpão Crioulo e por batizar a MPG (Música Popular Gaúcha).
Além disso, Ayrton foi idealizador do projeto O Grande Encontro, que já realizou nove edições e era descrito por ele como “um lugar onde todos cantam com felicidade”.
— Eu procuro fazer sempre o melhor, fazer diferente, algo que ninguém nunca fez. Se tenho chance de colocar 104 caras em um palco, pode alguém perguntar: “Tu não achas muito?”. Eu nem sinto. E os músicos também não — enfatizou o produtor sobre o evento em entrevista a GZH em abril de 2022.
Ao longo da sua trajetória cultural, Patineti também recebeu diferentes prêmios. Em 1987, conquistou o Troféu Villa-Lobos, concedido ao melhor produtor regional do Brasil, pela Associação Brasileira de Produtores Fonográficos. Conquistou o troféu Destaque da Década, dado pelo Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. Em 2004, recebeu o troféu Calhandra de Ouro da Califórnia da Canção Nativa, por seu empenho no festival, entre tantos outros.
O apelido
Em abril de 2022, quando preparava a oitava edição de O Grande Encontro, Patineti relembrou a GZH a origem do apelido que marcou sua vida.
Tudo começou em um baile no Teresópolis Tênis Clube, em 1962, no qual Elis Regina foi coroada Rainha do Disco Club. Ayrton, muito próximo dela, a tirou para dançar.
Um repórter de rádio chegou perto de Elis para perguntar como ela estava se sentindo — provavelmente, em relação à carreira que estava deslanchando. A artista, porém, imaginou que o questionamento era sobre o seu parceiro de dança, sempre acelerado, e respondeu:
— Me sinto como se estivesse andando de patinete.
E foi o suficiente. A história se espalhou rapidamente pelos círculos sociais onde os dois frequentavam e, no dia seguinte, Ayrton já era chamado de Patinete. Porém, ele mesmo adaptou o apelido, assinando com a grafia errada: Patineti — afinal, ele acreditava que patinetes já existiam muitos. Patineti, só ele.
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