Comunidade do bairro Itaí, um dos mais afetados, espera ação de limpeza.
Pilhas de resíduos continuam acumuladas sobre as calçadas das ruas do bairro Itaí, em Eldorado do Sul, na região Metropolitana de Porto Alegre.
Na rua Jacuí, os materiais descartados ganham destaque diante de muitas residências vazias. Seja pela insistência da chuva, por necessidade de limpeza, ou ainda reflexo da precariedade da situação causada pelas enchentes, moradores da região adiam a voltar para casa.
O motorista freteiro João Francisco Vieira da Silva, 49, já lavou paredes, o chão e o pátio, mas os móveis perdidos para a enchente continuam na porta de casa. “Todo dia aumenta. Eu coloquei na calçada, vizinhos vieram e colocaram também. Tá difícil de virem recolher”, lamenta o morador.
Na rua, a situação é tão desanimadora para Silva quanto dentro do imóvel. Só restaram panelas e louças divididos sobre uma mesa e uma pia, inutilizadas pela água. “Se lavar, acho que as panelas eu salvo, mas tem que jogar muita coisa fora. Não tenho mais móveis”, avalia.
Muitos das casas da rua Jacuí estão fechadas vazias. Mesmo nas já limpas, boa parte agora só possui paredes externas e telhados. Mesmo no lugar, pisos, portas e janelas terão que ser trocadas. “Eu vou ter que trocar o parquet, as portas internas, isso custa caro. E tem vizinho meu que até já desistiu daqui, vai morar em outro lugar”, relata Silva.
De acordo com a prefeitura de Eldorado do Sul, cerca de 3 mil famílias ainda não conseguiram voltar para casa, sendo o maior número nos bairros Itaí, Cidade Verde, Picada, Sans Souci e Vila da Paz.
A limpeza das ruas ocorre diariamente, contudo, mais de 90% do município foi afetado, o que proporciona uma demanda extraordinária de trabalho às equipes.
Correio do Povo