Uma criança de um ano e sete meses morreu dentro do carro da mãe nesta quarta-feira (13), em Canoinhas, no planalto norte catarinense.
Segundo a mãe do menino, ela saiu de casa para levar o filho para a creche. Depois disso, foi para o trabalho em uma repartição pública municipal.
Às 17h30, ao deixar o trabalho, ela foi até a creche para apanhar a criança.
Chegando no local, ouviu das professoras que ela não tinha levado o menino à creche nesta quarta.
Desesperada, a mãe começou a pensar no que teria ocorrido quando se deu conta que a criança estava na cadeirinha, no banco traseiro do carro.
Ao tentar salvá-la, a criança já estava morta, com sinais de insolação no rosto. A temperatura passou dos 30 graus nesta quarta em Canoinhas.
A Polícia Militar foi chamada e abriu um boletim de ocorrência para registrar o caso. Transtornada, a mãe foi levada à Delegacia para prestar depoimento.
LAPSO
Este não é o primeiro caso registrado de pais que esquecem o filho no carro por simplesmente abstraírem a tarefa de deixá-los na creche.
David Diamond, PhD e professor de psicologia na Universidade do Sul da Flórida, disse em entrevista à revista Crescer que isso acontece não necessariamente porque o familiar foi negligente com a criança, mas devido a um problema de memória. “A resposta mais comum é que apenas pais ruins ou negligentes esquecem as crianças nos carros”, diz Diamond. “É uma questão de circunstâncias. Isso pode acontecer com todo mundo.”
De acordo como especialista, a questão envolve duas partes da memória das pessoas: a prospectiva e a semântica. A primeira é responsável por nos ajudar a lembrar de fazer algo no futuro, já a segunda é a que permite que os motoristas façam a viagem do trabalho para casa, por exemplo, no “piloto automático”, onde chegam sem se lembrar de detalhes claros de como foram até lá.
Memórias prospectivas e semânticas trabalham juntas para nos ajudar a fazer mudanças em nossas rotinas, que podem incluir coisas como “deixar o bebê na creche” ou “parar para fazer compras a caminho de casa”. “Quando a memória de trabalho falha, como quando estamos distraídos ou estressados, pode haver implicações catastróficas”, diz Diamond.
“O sistema cerebral do hábito é uma grande conveniência que nos permite entrar no piloto automático”, afirma o especialista. “A beleza disso é que não precisamos nos lembrar de cada curva, mas o problema é que isso está realmente guiando nosso comportamento. Quando orienta nosso comportamento, suprime a outra parte do cérebro que deveria nos lembrar de informações adicionais”, explica.
Diamond destaca que nosso cérebro é multitarefa e, exatamente por isso, pode haver confusões. “Temos que aceitar que a memória humana é falha. Isso inclui quando pais amorosos e atenciosos perdem a consciência a respeito dos seus filhos quando estão no carro”, reforça. Essa situação se agrava se os pais estão passando por situações como alto estresse, privação de sono e mudança de rotina. As informações são do JMais.
michelteixeira.com.br