Oriunda da Bacia do Rio Uruguai, espécie tem sido encontrada no Guaíba nos últimos anos.
Com a água inundando as vias de Porto Alegre, peixes que habitam o Guaíba têm sido avistados nas ruas da Capital — o que inclui até piranha. Tanto que uma palometa (Serrasalmus maculatus) foi encontrada no bairro Auxiliadora, na tarde da última sexta-feira (10).
O analista de TI Victor Warth avistou o peixe por volta das 15h45min, na rua Cel. Bordini, a mais de 5 km das águas do Rio Jacuí. Segundo o porto-alegrense, que caminhava pelo local, a palometa estava próxima de uma das entradas de bueiro.
— Não sei se foi por ali que acabou chegando. Estava simplesmente boiando, já sem vida. Chovia bastante no momento — descreve.
Para especialistas, não é nenhuma surpresa encontrar palometas nas águas que tomaram as ruas da cidade. Como aponta Fernando Becker, professor do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a espécie de piranha é uma realidade nas bacias hidrográficas do Estado há pelo menos três anos.
— As palometas estão no Guaíba. Na medida que águas extravasam para a cidade, os peixes vão junto — sublinha.
Conforme Becker, o peixe não oferece nenhum tipo de risco fatal:
— Pode acontecer de alguma pessoa ser mordida, mas é uma coisa eventual, não é algo para se preocupar. Provavelmente vão estar muito dispersas, pois é uma área muito grande alagada. A densidade desses peixes na região deve ser muito baixa.
O biólogo e professor da Unisinos Uwe Horst Schultz acrescenta que, até hoje, nunca se deparou com algum registro de acidente com palometa. Oriunda da Bacia do Rio Uruguai, a principal causa apontada por especialistas para a migração a outras regiões é a drenagem em canais de irrigação de lavouras, que retiram a água de uma bacia e desaguam em outra.
— Uma área de lavoura de arroz irriga a água, por exemplo. Os arrozeiros trabalham com grande quantidade de água, que eles bombeiam dos canais para dentro das lavouras. Durante esse manejo, os peixes podem ir junto — diz Schultz.
Como relatou reportagem de GZH, em novembro de 2022, a palometa já foi encontrada em regiões da Bacia do Jacuí, além do Guaíba e Lagoa dos Patos. Como não é um peixe nativo dessas áreas, a presença da espécie pode causar um desequilíbrio ambiental e interferir também na economia de locais que dependem desse equilíbrio.
Esse foi o caso do município de General Câmara, no Vale do Taquari. A cidade registrou as primeiras aparições de palometas entre abril e maio do ano passado. Rapidamente, houve uma infestação na Lagoa de Santo Amaro, em um espaço derivado do Rio Jacuí. O resultado foi uma crise que atingiu pescadores do município.
gauchazh.clicrbs.com.br