Projeto busca desafogar trânsito no Litoral Norte, mas enfrenta questionamentos de entidades ambientais.
Após décadas de discussões, a construção de uma nova ponte entre Tramandaí e Imbé está mais próxima de se tornar realidade.
Com licença prévia já emitida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), a obra deve iniciar ainda neste ano, com um custo estimado em R$ 80 milhões, sendo R$ 40 milhões já garantidos pelo governo estadual.
A estrutura suspensa será uma alternativa à Ponte Giuseppe Garibaldi, que sofre com congestionamentos e limitações estruturais, especialmente durante a temporada de verão.
Para o prefeito de Imbé, Ique Vedovato, o projeto atende a uma demanda histórica. “Há dez anos trabalhamos para garantir recursos e superar desafios técnicos e ambientais.
A nova ponte será construída sem pilares no leito do rio, garantindo a preservação da fauna local, incluindo os botos, e proporcionando mobilidade e segurança aos moradores e visitantes”, destacou. A travessia ligará a avenida Nilza Godoy, em Imbé, às ruas Alfredo Elias e São Salvador, em Tramandaí.
O prefeito de Tramandaí, Juarez Marques da Silva, também destacou a relevância da obra. “Essa ponte é uma obra de extrema importância.
Há décadas enfrentamos congestionamentos na travessia durante o verão, com motoristas levando até 3 horas para percorrer esse pequeno trecho. Agora, com o aumento populacional em nossa região, esses problemas ocorrem até mesmo em períodos de baixa temporada”, justifica.
A nova ponte também é considerada pelas prefeituras como um marco para a mobilidade urbana, garantindo mais fluidez no trânsito e promovendo o bem-estar da população local e dos veranistas. “É uma obra que reflete o avanço e o desenvolvimento que buscamos para nossa região”, acrescenta Silva.
Apesar do avanço, movimentos ambientais como a Associação Comunitária Imbé Braço Morto (ACIBM) e o Movimento Unificado em Defesa do Litoral Norte (MOVLN) questionam a falta de transparência no processo e defendem que a situação seja amplamente discutida.
Segundo as entidades, é preciso garantir que o projeto seja ambientalmente responsável e que respeite a biodiversidade do Rio Tramandaí, especialmente o boto-de-Lahille, espécie ameaçada de extinção.
De acordo com a Prefeitura de Tramandaí, todas as determinações legais serão cumpridas, incluindo a realização de audiências públicas nas duas cidades. “No entanto, essas audiências serão realizadas após a finalização dos projetos. Isso é essencial para que possamos apresentar corretamente o que será executado, incluindo os custos e as definições técnicas da nova ponte. Não faz sentido realizar as audiências antes de termos essas informações concretas, pois elas são fundamentais para um debate claro e objetivo com a comunidade”, defende o prefeito.
Tanto o governo do Estado quanto a Fepam garantem que a ponte será construída de forma a preservar o ecossistema local. “Será uma estrutura suspensa, sem pilares na água, o que protege a fauna e garante a segurança ambiental.
A altura mínima de 5,70 metros também permitirá a navegação no rio”, ressaltou o vice-governador Gabriel Souza na cerimônia de entrega da licença prévia, ocorrida no final de 2024.
Atualmente, o tráfego entre Tramandaí e Imbé é feito pelas três pontes do complexo Giuseppe Garibaldi, construído há mais de 70 anos.
Com capacidade máxima de 23 toneladas, a estrutura frequentemente opera acima do limite, recebendo cargas de até 50 toneladas, além de enfrentar congestionamentos diários.
A nova ponte promete desafogar o trânsito, melhorar o fluxo de veículos e oferecer mais segurança aos moradores e turistas que frequentam o litoral norte.
Além disso, a inclusão de passarelas para pedestres deve contribuir para o aproveitamento turístico da região.









Correio do Povo