Limpeza em cidade do Vale do Rio Pardo devastada pelas enxurradas é feita por pessoas como integrantes de escolas, de igrejas, do escotismo, servidores municipais e militares das Forças Armadas.
O sol brilhou pela primeira vez em uma semana no Vale do Rio Pardo e trouxe esperança aos moradores de cidades devastadas pelas enxurradas, como Sinimbu. Junto com ela, veio a ajuda de centenas de voluntários, que começaram neste domingo (5) um mutirão para remover destroços e lama.
Sinimbu virou um depósito a céu aberto de detritos trazidos pelo Rio Pardinho, em sua descida avassaladora desde a bonita cadeia de morros encarapitados sobre o Vale do Rio Pardo. As ruas estão tomadas por árvores (a maioria, arrancadas pela raiz), colunas de concreto, tijolos, sofás, camas, telhados e paredes inteiras despedaçadas pela força das águas em fúria. Tudo isso permeado de lama suficiente para deixar o sujeito atolado até o joelho, em alguns pontos. Em pleno centro da cidade.
Caminhões-pipa vindos de Santa Cruz do Sul providenciam água para a tentativa de limpeza gradual das ruas e casas. A lama acumulada nas ruas e residências é removida, primeiro, com auxílio de retroescavadeiras. Depois, no braço, por voluntários que usam rodos e baldes de forma incessante. É gente como integrantes de escolas do Vale do Rio Pardo, igrejas, do escotismo, servidores municipais e dezenas de militares das Forças Armadas.
Um dos grupos que aderiu à limpeza é da Escola Sinodal Imigrante de Vera Cruz, outro município do Vale do Rio Pardo, que estava ilhado até sábado (4). Primeiro eles carregaram rochas na sua própria cidade para reconstruir a cabeceira de uma ponte que impedia acesso ao município. Com o fim do isolamento, se deslocaram em vans até Sinimbu, muito mais destruída que Vera Cruz.
— Estamos em 20 pessoas, entre professores e pais de alunos. Pelo menos abriu o sol e isso ajuda a baixar as águas — comemora Moisés Tonelli, professor de Filosofia na Escola Sinodal e um dos voluntários vindos de Vera Cruz.
Outro grupo de voluntários que percorre as ruas de Sinimbu, vestidos em trajes similares aos de escoteiros, é o de Desbravadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Eles se deslocaram desde Santa Cruz do Sul, assim que a estrada entre os dois municípios permitiu tráfego. São 14 pessoas, contabiliza Míria Redisch, uma das que lidera a ajuda, junto com o empresário Jackson Plentz.
— Sou higienizadora no Hospital Santa Cruz e vim dar uma mão para as colegas do hospital de Sinimbu. Tem muita roupa de cama para lavar, além do próprio prédio — justifica.
O nível do Rio Pardinho continua alto, mas caiu pela metade em relação aos dias da enxurrada. Algo muito comemorado pelos moradores de Sinimbu, mas que permite também ver a devastação. Cabeceiras de pontes — e pontes inteiras — foram levadas de roldão. Casas estão sem paredes, com o interior exposto a intempéries, possivelmente sem condições de reutilização.
Pelo menos 2,5 mil dos 10 mil habitantes de Sinimbu estão desalojados.
Além disso, duas mortes foram oficializadas até agora, embora existam muitas pessoas que ainda não foram localizadas.
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