Uma combinação entre tempo seco, onda de calor e temporada de incêndios na Amazônia e no Pantanal fez com que a fumaça resultante chegue ao Rio Grande do Sul e outros nove Estados.
Fora da Região Norte do País, as cidades mais afetadas são gaúchas e catarinenses, com ocorrência de neblina e piora na qualidade do ar.
A situação deve perdurar ao menos até esta sexta-feira (23), após uma semana de poluição adicional.
Meteorologistas avaliam que a entrada de uma frente fria pelo Sul e Sudeste deve contribuir para que essa poluição se dissipe em boa parte das áreas atingidas.
Além do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a lista inclui Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Amazonas e Acre.
Imagens de satélite mostram a concentração do monóxido de carbono sobre uma faixa que se estende também ao Peru, Bolívia e Paraguai. A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu, na semana passada, um alerta sobre os cuidados necessários para a saúde nesses casos.
“Com muitos dias secos e quentes, sob um padrão de bloqueio atmosférico, a qualidade do ar se deteriora e atinge níveis ruins nos grandes centros urbanos com maior presença de material particulado na atmosfera, parte por emissões e parte por queimadas”, ressalta a empresa Metsul em seu site – metsul.com.
Área afetada
Dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detalham que Amazonas e Pará concentram, juntos, quase 52% dos focos de incêndio registrados no bioma neste ano. “Desde 1º de julho, 67,2% dos focos registrados estão nestes dois Estados”, detalha o Ministério.
Conforme o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), este ano o fogo consumiu 3,2 milhões de hectares da Amazônia, o que representa 0,7% do bioma. No Pantanal, quase 1,9 milhão de hectares foi consumido pelo fogo, atingindo 12,5% do território.
Um alerta de perigo extremo de fogo do Sistema de Alarmes do Lasa-UFRJ foi divulgado com previsões para a Bacia do Paraguai, no Pantanal.
Segundo o informativo, até a próxima quinta-feira (22), toda a região enfrentará condições climáticas que dificultam o combate a incêndios até por meios aéreos, com alta velocidade de propagação do fogo.
O combate às chamas na Amazônia conta com agentes do MMA, mais 1.489 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Desde o dia 24 de julho, ao menos 98 focos de incêndio florestal foram extintos – falta debelar outros 75.
Resposta a incêndios
No Pantanal de Mato Grosso atuam 348 brigadistas do Ibama e ICMBio, além de 454 militares das Forças Armadas, 95 da Força Nacional e mais dez da Polícia Federal. Das 98 áreas de incêndio, 50 teriam sido extintas e 46 permanecem ativas, das quais 27 estão controladas.
Uma sala de situação criada pelo governo federal concentra a resposta federal aos incêndios no país desde junho. Na Amazônia Legal, foram disponibilizados R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para apoiar as guarnições do Corpo de Bombeiros dos estados.
No Pantanal também foi liberado um crédito extraordinário de R$ 137,6 milhões, além do repasse de mais R$ 13,4 milhões ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para assistência humanitária e combate a incêndios florestais.
(Marcello Campos)
osul.com.br