A chuva deve ter incidência acima da média em todo o território gaúcho
A chuva deve ter incidência acima da média em todo o território gaúcho
Os veranistas já podem preparar o guarda-sol e o guarda-chuva: a próxima estação, que começa em menos de um mês, no dia 22 de dezembro, será chuvosa e quente, segundo meteorologistas.
O cenário no Sul continua a ser influenciado pelo El Niño – caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico na faixa equatorial –, que atingirá seu pico entre dezembro e janeiro, de acordo com os especialistas.
O enfraquecimento do fenômeno meteorológico deve ocorrer em meados do outono de 2024.
Portanto, o panorama será o mesmo que o Estado vem enfrentando desde setembro: chuva e temperatura acima da média, com bastante umidade.
A chuva deve ter incidência acima da média em todo o território gaúcho, podendo chegar ao dobro do que seria esperado no período, salientam os meteorologistas.
A precipitação pode ocorrer ao longo de um dia ou como uma chuva típica de verão, com pancadas e temporais isolados – diferentemente da persistência da chuva dos últimos meses.
Nos litorais Sul e Norte, a situação será a mesma, devido à formação de uma região de baixa pressão, juntamente com um fluxo de umidade, resultando na formação de instabilidade sobre a região.
— Pode ter regiões que fiquem um pouco acima, outras que fiquem bem acima do que é esperado. Isso vai depender muito dessas pancadas que a gente vai ter, fazendo acumulados maiores — avalia Lucas Fagundes, meteorologista da Sala de Situação do Estado.
De acordo com Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, em dezembro, há possibilidade de mais chuva persistente e volumosa, que pode trazer transtornos para o RS, especialmente nas fronteiras com a Argentina e com o Uruguai, além da região Norte. O aumento do calor e da umidade também favorece a ocorrência das pancadas de chuva.
Em janeiro, a chuva também deve ficar mais concentrada nos extremos oeste e sul. No entanto, apesar da tendência a ser um mês mais chuvoso do que o normal, a precipitação volumosa deve ocorrer com menor frequência.
Por esses motivos, somados ao fato de os rios e solos estarem bastante saturados, os meteorologistas não descartam enchentes ou alagamentos após eventos de chuva elevada ao longo de dias consecutivos – com maior risco em dezembro, segundo a Climatempo.
— Nós temos todas as bacias do Rio Grande do Sul muito elevadas, todas têm muita água, tudo está muito úmido. Então dependendo muito do evento, que a gente deve ficar monitorando, pode acontecer em qualquer uma — alerta o profissional da Climatempo.
Para dezembro, entre a porção central e o Norte, a média de chuva varia entre 180 milímetros e 220 milímetros, mas em outras regiões oscila entre 100 milímetros e 170 milímetros. Mais ao Sul, a estimativa é um pouco menor, cerca de 120 milímetros, mas no Oeste, como nos municípios de Uruguaiana e Alegrete, o volume pode passar de 300 milímetros, sendo a média em torno dos 140 milímetros neste período.
Em janeiro, por sua vez, o destaque vai para o aumento da chuva na Serra e no Litoral.
Temperatura
As temperaturas também tendem a ficar elevadas e acima da média em todo o Estado, em função do El Niño, explicam os especialistas.
Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), atribui ainda a conjuntura aos efeitos das mudanças climáticas no mundo, com temperaturas mais altas.
Contudo, a persistência da nebulosidade impedirá um aumento tão elevado por períodos prolongados. Haverá alguns dias de calor intenso, acima de 37ºC, mas com menor frequência – o risco de ondas de calor será menor do que no último verão. Na praia, as condições de tempo costumam ser mais amenas.
— Quando for fazer calor, vai fazer o calor que o pessoal vai para a praia. A gente já pode se preparar para ir para Cidreira — indica Fagundes.
Ainda que a temperatura média já esteja um pouco mais elevada, a demora na chegada do calor se deve a muitos episódios de chuva, que contribuíram para a nebulosidade e dias mais frios, segundo Repinaldo. Fagundes também destaca o avanço de massas de ar mais secas após uma frente fria.
A partir de agora, contudo, essas massas de ar passam a atuar por menos tempo sobre o Estado, pois, na sequência, há o retorno de ventos quentes e úmidos que favorecem uma temperatura mais elevada ao longo da tarde, durante todo o verão.
Portanto, em dezembro, próximo ao início do verão, espera-se a atuação de eventos de temperaturas maiores no início da manhã e ao longo da tarde, atingindo cerca de 35ºC.
O tempo também estará mais abafado, devido à entrada de calor e umidade vindos da região amazônica, segundo o meteorologista da Climatempo.
Desta maneira, a mínima estará mais alta, com a temperatura um pouco mais elevada (entre +1ºC e +1,5ºC) do que a média à noite, e a máxima ficará em torno da média histórica.
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