Experimento com 157 pessoas reduziu o risco de recorrência, ou de morte, em 49% dos casos durante um período de três anos.
O CEO da Moderna, Stéphane Bancel, disse à AFP que a vacina experimental contra o melanoma que sua companhia desenvolveu pode estar disponível em apenas dois anos, o que representaria um passo histórico contra a forma mais grave de câncer de pele. Estima-se que, apenas em 2020, ocorreram, em nível mundial, 325.000 novos casos.
Diferentemente das convencionais, as chamadas vacinas terapêuticas tratam uma doença, em vez de preveni-la. Mas também atuam treinando o sistema imunológico do corpo humano contra o agente invasor. Atualmente, as vacinas terapêuticas representam uma verdadeira esperança em oncologia, uma ‘imunoterapia 2.0’, segundo Bancel.
Os projetos da Moderna receberam um impulso nesta quinta-feira (14) com os últimos resultados dos ensaios clínicos, que mostram uma melhora nas possibilidades de sobrevivência, graças à vacina. A tecnologia utilizada é o RNA mensageiro (RNAm), que demonstrou ser muito eficaz contra as formas graves de covid-19.
Em um estudo, do qual participaram 157 pessoas com melanoma avançado, a vacina da Moderna, em combinação com o fármaco de imunoterapia Keytruda, do Laboratório Merck, reduz o risco de recorrência, ou de morte, em 49% dos casos durante um período de três anos, em comparação com a administração exclusiva do Keytruda.
Em 2022, a Moderna já havia anunciado resultados de acompanhamento de dois anos que mostraram uma redução do risco de 44%. ‘A diferença na sobrevivência está crescendo. Quanto mais passa o tempo, mais se vê essa vantagem’, disse Bancel, explicando que a taxa de efeitos colaterais não havia aumentado. ‘Temos uma a cada duas pessoas que sobrevive, em comparação com o melhor produto do mercado, o que, em oncologia, é enorme’, afirmou. – Em busca de uma aprovação rápida -Os ensaios clínicos existentes podem constituir a base para a aprovação condicional da vacina, conhecida como ARNm-4157m, afirmou Bancel.
Neste cenário, um estudo mais amplo, de ‘fase 3’, do qual participarão mil pessoas e que a Moderna fará em 2024, poderia confirmar a autorização condicional anterior. Tanto a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados (FDA, em sua sigla em inglês) como a Agência Europeia de Medicamentos colocaram a terapia em uma via de revisão acelerada. O desenvolvimento da vacina começa com o sequenciamento do genoma do tumor de cada paciente e a identificação de mutações específicas para codificar.
Trata-se de um exemplo de medicina ‘individualizada’ adaptada ‘apenas à pessoa tratada’, afirmou Bancel. Para se preparar para o lançamento da vacina no mercado, a Moderna está construindo uma nova fábrica em Massachusetts para ter um fornecimento abundante, um requisito da FDA. Na segunda-feira (11), a companhia anunciou o começo de um ensaio de ‘fase 3’ para uma vacina ARNm contra o câncer de pulmão e está estudando outros tipos de tumores.
A esperança de Bancel é combinar essas vacinas contra o câncer com ‘biópsias líquidas’, testes inovadores que detectam sinais de tumores pela análise de sangue, e que começaram a estar disponíveis nos Estados Unidos. Quanto mais rápido puder se detectar o câncer, melhor funcionarão os novos medicamentos da Moderna, afirma Bancel. Outras empresas, como a BioNTech, também estão trabalhando em vacinas terapêuticas individualizadas contra o câncer. ia/tjj/dg/db/dd/tt
Correio do Povo