Número total de profissionais desligados ainda não foi contabilizado, mas estima-se que entre 200 e 280 foram demitidos nos últimos dias
Manifestantes realizaram protesto em frente ao Instituto de Cardiologia de Porto Alegre em função das cerca de 280 demissões nos últimos dias | Foto: Ricardo Giusti
Um reflexo da crise financeira que atinge o Instituto de Cardiologia de Porto Alegre foi sentido nesta sexta-feira.
Cerca de 280 profissionais da unidade da Capital, na Azenha, foram desligados nos últimos dias, de acordo com o Sindisaúde-RS.
Em nota, a instituição que é referência em procedimentos cardiológicos em Porto Alegre, confirmou as demissões e lamentou a ação. Cerca de 50 pessoas, entre profissionais da saúde e sindicalistas, participaram do protesto realizado em frente a instituição nesta tarde.
Segundo o presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien, o número de profissionais desligados pode ainda aumentar. Ele cita o receio de que este processo de demissão em massa continue acontecendo. “Este é um dos hospitais fundamentais em Porto Alegre e no RS.
Aqui é atendido 55% de toda a demanda cardiovascular. A probabilidade desta qualidade cair é muito grande.
E o problema não é só a gestão. O problema é, também, o Programa Assistir, do Governo do Estado.
Vós viemos há dois anos dizendo que o programa causou problemas na saúde. Finalmente o Governo essa semana reconheceu que faltam R$ 500 milhões na saúde”, destacou Jesien.
A técnica de enfermagem Luciana Ludwig é uma das profissionais desligadas nesta sexta pelo Instituto de Cardiologia. Ela trabalhava na unidade de internação do hospital desde 2019 e foi comunicada na quinta-feira à noite sobre a demissão, junto com outros 110 funcionários.
“A gente foi chamado para assinar um papel e nos deram tchau. A gente ficou o ano todo sem receber, brigando por salário, brigando por FGTS. A gente já ficava bem sobrecarregado nas unidades. Agora, com essa demissão em massa, com certeza vai ficar muito ruim para quem ficar”, citou.
Em nota, o Instituto de Cardiologia comunicou que as saídas fazem parte de um compromisso assumido junto ao Ministério Público e entidades gestoras da área da saúde em reduzir a folha de pagamento em 20%. “É de conhecimento da sociedade gaúcha que o hospital passa por dificuldades financeiras, sendo necessária uma importante reestruturação de seus gastos atuais.
O Instituto lamenta a perda dos seus colaboradores, mas entende esse compromisso como medida imprescindível para a manutenção dos atendimentos e da qualidade técnica já reconhecida em todo o Estado”, completa a nota.
Já a Secretaria Estadual de Saúde, também em nota, citou que o Instituto de Cardiologia possui contrato com o município de Porto Alegre e recebe recursos estaduais através do Programa Assistir.
“A Secretaria Estadual da Saúde informa que o repasse de todos os recursos destinados ao Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC) está em dia. Sobre as medidas adotadas pelo IC-FUC, não nos cabe manifestação”.
Correio do Povo