Estação instalada na Usina do Gasômetro passou a ser referência para medição da cota de inundação após cheia histórica.
O nível do Guaíba voltou a preocupar a população após a elevação das águas provocada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nesta semana. Mas as diferentes cotas de inundação registradas em pontos distintos da cidade têm gerado dúvidas.
Isso porque a enchente de 2024 não mudou apenas a percepção de medo a cada centímetro que o lago sobe, mas também alterou o ponto oficial de medição.
Nível do Guaíba passa a ser medido pela estação Usina do Gasômetro
Desde maio de 2024, a estação de telemetria instalada de forma emergencial na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, se tornou referência oficial para medir o nível do Guaíba.
A mudança foi feita pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), após o equipamento que antes servia como referência, no Cais Mauá, sofrer avarias durante a enchente histórica.
O sistema de medição funcionou adequadamente até às 23h do dia 2 de maio, quando registrou a cota 3,70 metros. Porém, a estrutura foi destruída pelo avanço das águas.
Emergencialmente, em 3 de maio, equipes do governo do Estado instalaram a nova estação na Usina do Gasômetro.
O local, que também fica no Cais do Porto, a cerca de 2,5 quilômetros da estação anterior, levou em consideração três requisitos: fácil acesso, transparência, e capacidade de assimilação automatizada dos dados pelas equipes de monitoramento e previsão.
Porém, a nova régua instalada não está no mesmo nível da antiga, na estação do Cais Mauá, ficando com cerca de 60cm de diferença. A mudança estabeleceu novas cotas de inundação.
Novas cotas de inundação
No novo ponto de medição, a cota de alerta é de 3,15 metros e a cota de inundação, de 3,60 metros.
As atualizações estão disponíveis ao público no site da Agência Nacional de Águas e Saneamento. Clique aqui para consultar.
As referências foram estabelecidas por técnicos do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (DRHS/Sema) e do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS).
Há problema em ter diferentes medições?
As diferenças entre cotas de inundação em diferentes pontos são comuns na medição dos níveis de rios, como explica o doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e professor do IPH/UFRGS, Fernando Dornelles. Segundo ele, as estações ampliam a capacidade de monitoramento em momentos de cheia.
“Ambas são oficiais e podem ser avaliadas. O mais importante é termos uma previsão do que vai acontecer, saber como estão as cotas dos rios que contribuem para o Guaíba, considerar se está vindo mais água. Estarmos preparados para fechar os pontos de entrada da água dos sistemas de proteção.”, explica Dornelles.
Histórico
A estação Cais Mauá – instalada próximo à Rodoviária – tem como referência (cota zero) o nível do mar do marégrafo de Imbituba. Desde sua implantação, em 2014, essa estação tem sido utilizada como referência para a emissão de alerta (cota de 2,55 metros) e de inundação (cota de 3,00 metros).
Correio do Povo