Está prevista para o mês que vem a entrega da primeira “cidade temporária” em Canoas, na Região Metropolitana, para desabrigados das enchentes. Informalmente denominado “Cidade Provisória”, o projeto do governo gaúcho conta com a ajuda do Exército e Agência das Nações Unidades para Refugiados (Acnur) e deve ser concluído nas próximas semanas. Já em Porto Alegre será utilizado outro tipo de estrutura.
Semelhante a uma tenda de campanha, porém mais sofisticada, cada unidade possui cerca de 18 metros-quadrados e capacidade para abrigar cinco pessoas. Com 2,83 metros de altura, 5,68 metros de comprimento e 3,32 metros de largura, a estrutura tem quatro janelas pequenas, saídas de ar para ventilação e porta com fechadura. Completa a lista uma placa de energia solar, o que permite acender lâmpada e carregar celulares e notebooks.
As janelas contam com mosquiteiros e são feitas em tamanho e formato padrão para preservar a privacidade das famílias. Há, também, uma cortina, que pode ser usada como divisória, repartindo a casa em dois ambientes. No piso, usa-se uma lona, que é removível e lavável. Os painéis também podem ser higienizados facilmente, com água, sabão e pano úmido. Os componentes para montar cada unidade são transportados em duas caixas, que pesam 80 quilos cada uma.
De acordo com o gabinete de crise chefiado pelo vice-governador Gabriel Souza, as unidades atendem a um princípio de proporcionar melhor acolhida e privacidade às famílias que perderam suas residências e aguardam o programa de aquisição de moradias pelo governo federal.
Preparação
A primeira foi erguida durante treinamento realizado pela Acnur com um grupo de dez militares, para explicar como deve ser feita a montagem. Durante a atividade de capacitação, a equipe instalou a moradia a partir do zero, desde a abertura das caixas utilizadas para o transporte de seus componentes até a colocação de bases, teto, paredes, janelas e porta.
Essa etapa teve no comando a oficial de Planejamento de Abrigos da Acnur, Patrícia Gomes Monteiro, que é engenheira e orientou os militares durante o processo, que ressalta: “Todas as estruturas já vêm conectadas e são projetadas para uma montagem rápida. Além disso, são melhores que uma barraca ou uma tenda comum”.
O processo demorou seis horas, com instruções passo a passo. O trabalho deve se tornar cada vez mais ágil com o aprendizado. Ainda segundo Patrícia, um grupo de seis pessoas conseguirá montar a casa em até quatro horas. A ideia é que um grande número de militares possa instalar várias unidades ao mesmo tempo.
Área escolhida
Localizado na avenida Guilherme Schell, n° 10.470, próximo à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), o CHA onde ocorreu o treinamento deve receber, a princípio, 150 unidades emergenciais, contemplando 740 pessoas. Se houver necessidade, poderão ser acrescidas mais unidades, totalizando as 208 que foram doadas pela Acnur.
As casas são armadas ao ar livre – mas, no mesmo terreno, há um galpão coberto onde serão instalados ambientes como cozinha e refeitório. As unidades modulares serão utilizadas somente nesse CHA. Nos outros quatro que serão implantados pelo governo, está previsto o emprego de outras estruturas.
Ao todo, a Acnur doou 208 casas modulares ao Rio Grande do Sul. Dessas, 108 já se encontram no território gaúcho, e as outras 100 estão em trânsito. Das 208, oito vieram de Boa Vista (RR) e as demais são provenientes da Colômbia.
As estruturas sustentáveis são usadas em operações da Acnur em todo o mundo, funcionando como uma alternativa emergencial até a construção de moradias definitivas. No Brasil, o modelo é empregado já há alguns anos para receber imigrantes venezuelanos em Roraima, onde serve como moradia e também escola, posto de saúde, clínica e outras estruturas de apoio.
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