Visitar sítios arqueológicos é uma opção para quem quer conhecer a trajetória jesuítica e missioneira.
Atrativos históricos, culturais e gastronômicos estão entre as opções para o visitante que deseja conhecer o noroeste do Estado. Um projeto de lei (570/22) criou a Rota Turística do Caminho das Missões no Rio Grande do Sul e foi aprovado pelo Senado. Assim que entrar em vigor, a região entrará para a rota dos programas de incentivo do governo federal, impulsionando o turismo local. A proposta será encaminhada à sanção presidencial na próxima semana e pode contribuir com o desenvolvimento econômico e social das cidades que fazem parte do roteiro.
Contato com a natureza, trilhas, museus e espetáculo de som e luz são algumas das atrações da região. Formada por 26 municípios, a rota inclui patrimônios históricos e culturais, como o Sítio Histórico São Miguel Arcanjo, em São Miguel da Missões — um dos destinos mais procurados pelos turistas —, localizado a 475 quilômetros de Porto Alegre. Além de características diferentes da Serra e do Litoral, as Missões oferecem a oportunidade de conhecer a história jesuítica e missioneira, como os povoados criados para catequizar indígenas nos séculos 17 e 18.
Em meio aos preparativos para a celebração dos 400 anos da chegada dos padres jesuítas ao Rio Grande do Sul, comemorados em 2026, o governador Eduardo Leite vai convidar o Papa Francisco para visitar as Missões. O secretário do Turismo, Luiz Fernando Rodriguez Júnior, afirma que o projeto de lei, criado pelo deputado Osmar Terra (MDB-RS) fortalece o turismo regional. Ele lembra que o governo do Estado publicou decreto que prevê uma série de atividades, em 2026, para marcar os 400 anos das missões jesuíticas no Estado.
— Os objetivos maiores são divulgar e promover todos os fatos e atos que trazem protagonismo e contribuição na divulgação para as missões jesuíticas e todas as cidades que tenham afinidade com a história das missões — destaca.
De avião e de ônibus
Há voos diários de Porto Alegre para Santo Ângelo, capital das Missões, com aproximadamente uma hora de duração. A cidade é ponto de partida para o turismo em outros municípios, e fica a 430 quilômetros da Capital. Se comprada com antecedência, a passagem pode sair por cerca de R$ 330,00. De ônibus, na linha direta, o tíquete sai por R$ 220,00, mas são seis horas e meia. Para quem inicia o turismo na região, a primeira parada deve ser a Praça Pinheiro Machado, no Centro Histórico, que abriga a Catedral Angelopolitana.
Principal atração da cidade, tem traços renascentistas e barrocos. A fachada possui esculturas dos padroeiros dos Sete Povos das Missões, feitos em pedra grês. É uma das poucas igrejas que tem como padroeiro um anjo e não um santo. A entrada oficial da praça é feita por um pórtico com os nomes dos 30 povos das Missões.
Próximo da praça, o turista pode visitar o Museu Municipal José Olavo Machado, uma das mais antigas construções do período pós-jesuítico. A Associação Comercial, Cultural, Industrial, Serviços e Agropecuária de Santo Ângelo (ACISA) destaca que a cidade conta com uma vida noturna agitada, o que pode contribuir para atrair turistas para a região.
O presidente da Acisa, Mauro Tschiedel, explica que desde 2021 o município opera voos diretos para São Paulo. No ano passado, o Aeroporto de Santo Ângelo – Sepé Tiaraju (GEL) recebeu mais de 70 mil passageiros. Em Santo Ângelo, duas agências de turismo organizam roteiros e passeios: Caminho das Missões e Tekoha Tour. Os roteiros envolvem atividades de 2 a 7 dias.
— É o quinto aeroporto mais movimentado do Rio Grande do Sul, atrás de Porto Alegre, Caxias do Sul, Passo Fundo e Pelotas — observa. Para atrair turistas de fora do Estado, a ideia é contar com voos diários para São Paulo.
Atualmente, os voos disponíveis para a capital paulista são às terças, quintas e sábados.
— Os voos veem lotados de São Paulo — completa.
Espetáculo Som e Luz
Com poucas agências de turismo operando na região, Tschiedel sugere ao visitante alugar um carro no aeroporto para explorar outras cidades, como São Miguel das Missões. Um dos principais destinos das Missões, o município abriga o Sítio Histórico São Miguel Arcanjo. A entrada ocorre ao preço de R$ 10 para adultos e R$ 5 para estudantes e pessoas acima de 60 anos.
O Espetáculo Som e Luz, criado em 1978, é outra atração. O espetáculo conta o nascimento, o desenvolvimento e o fim da experiência Jesuítica-Guarani. A história das Missões é narrada por duas personagens da experiência missioneira ainda presentes no local: a igreja e a terra. Mostra um pouco do cotidiano, da política, da arte, da guerra e da fé de uma sociedade que vivenciou um desenvolvimento harmonioso, baseado em relações sociais cooperativas.
De olho no desenvolvimento no polo turístico, a Associação dos Municípios das Missões (AMM) produziu um guia com as principais atrações da região. O documento pode ser acessado pelo portal. O objetivo é facilitar a vida dos turistas que desejam desbravar o território e ficar mais tempo nas Missões.
— Temos uma estimativa de que o turista gasta quatro horas em atrações nas missões. É pouco para visitar as missões. Queremos ampliar a permanência do turista para 30 horas — explica o assessor da AMM e coordenador do Grande Projeto Missões, Álvaro Medeiros de Farias. Ele ressalta que o transporte intermunicipal é um dos gargalos. Por isso o turista pode optar por alugar um carro ou usar aplicativos de transporte.
Outras atrações da região
Caibaté: Cidade do santuário do Caaró, que é a principal atração turística. Acredita-se que no local onde está hoje o santuário teriam ocorrido diversos milagres, motivo para milhares de fiéis percorrerem a região em romarias e passeios que levam até uma fonte de águas milagrosas. Local de romaria anual. Aberto diariamente. Entrada gratuita.
São Luiz Gonzaga: O Complexo Turístico Jayme Caetano Braun, localizado no trevo de acesso da BR-285 (trevo da CESA), conta com um centro de informações, além de salas de vídeo e memorial. A entrada é adornada por uma grande escultura com 6 metros de altura em homenagem ao poeta tradicionalista Jayme Caetano Braun. A entrada é gratuita.
Para quem gosta de contato com a natureza, outra atração da região é o Sítio Arqueológico São Lourenço Mártir, localizado a 30 km da cidade. Nas ruínas são preservadas partes de uma igreja, uma adega e uma casa que pertenceu aos padres jesuítas.
Porto Xavier: Localizada na divisa do Estado com a Argentina, à beira do Rio Uruguai, é um destino para quem gosta de turismo de pesca. Quem deseja fazer compras pode acessar o freeshop do lado brasileiro. O porto internacional é uma das principais atrações. É possível fazer travessia de balsa até a cidade argentina de San Javier.
São Pedro do Butiá: Cidade colonizada por alemães. O Centro Germânico Missioneiro, localizado na Rua Balduíno Berwanger, junto à BR 392, é uma das atrações do município. Um dos principais atrativos é o monumento em homenagem a São Pedro, padroeiro da cidade. O ingresso custa R$ 5. Crianças até 12 anos e moradores da cidade não pagam ingresso. No Sítio das Capivaras, a oito quilômetros do Centro de São Pedro do Butiá, na comunidade de Linha Taipão, os visitantes podem ter contato com os animais, que vivem ao ar livre. A entrada custa R$ 20,00.
São Nicolau: Por ter sido a primeira redução jesuítica, fundada em 1626, o município é considerado a primeira querência do Rio Grande do Sul. O turista pode conhecer a experiência do Café de Cambona. O café é feito dentro de uma cambona, muito utilizado pelos tropeiros. Na experiência é possível ajudar a fazer o café e depois, degustá-lo.
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