O mar vem buscar o que é seu? Praias em Santa Catarina sentem forte impacto das mudanças climáticas

Praias em Santa Catarina sentem forte impacto das mudanças climáticas
Praias em Santa Catarina sentem forte impacto das mudanças climáticas

Praias em Santa Catarina sentem forte impacto das mudanças climáticas.

Construções invadem área de restinga e praias de Florianópolis.

Quem olhar as imagens pode querer dizer ao contrário do título deste texto, e afirmar que “o mar invadiu as casas”. Mas o ensinamento popular ecoa mais alto. Muitos de nossos antepassados e nós mesmos, falamos que “o mar vem buscar o que é seu”. Além das lendas e histórias dos avós, estamos diante de fatos. O nível do mar está aumentando. E esta semana destruiu estruturas na famosa Praia dos Ingleses, a região mais habitada de Florianópolis, Santa Catarina.

Não obstante, novas construções na vizinha Praia do Santinho, estão a todo vapor, aparentemente em cima de áreas de restinga. É urgente termos ações dos órgãos de controle e fiscalização, como Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e o Ministério Público. De concreto, o que se vê são as obras. No entanto, há apoio político local, tanto que o Plano Diretor de Florianópolis, que fomenta um processo de urbanização sem a necessária infraestrutura ambiental e de uma análise das vulnerabilidades, interdependências e capacidade suporte do território.

Praias em Santa Catarina sentem forte impacto das mudanças climáticas
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Outras praias

E agora vê-se também, casas e prédios sob risco iminente de serem levados pelo mar. Além dos prejuízos, da tristeza de famílias inteiras, a poluição e o lixo dos entulhos se vai mar adentro, causando ainda mais impactos. E isso tem acontecido em Santa Catarina em diversas praias, de Norte a Sul. Alertas já foram emitidos, emergências foram decretadas, além de Florianópolis, pelas prefeituras de Barra Velha, Barra do Sul, Garopaba, Itapema, Itapoá, Passo de Torres e São Francisco do Sul.

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A solução?

O professor doutor Paulo Horta, dos cursos de pós-graduação em oceanografia e ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), afirma com base científica e publicações sobre o tema, que o aterro, ou as chamadas engorda de praias, não são uma solução definitiva.

“Precisamos rever a ocupação das dunas e restingas, restaurar a vegetação que podem ser chamadas de florestas marinhas. Precisamos realizar um amplo e preciso diagnóstico e buscar inspiração na natureza para o desenvolvimento de soluções que reduzem a erosão, ao mesmo tempo que favorecem o balanço de sedimento. Além das restingas, mangues e recifes são conhecidos como soluções baseadas na natureza para conter a erosão costeira. Está na hora de ajudar a natureza para termos soluções resilientes e inteligentes para enfrentarmos as mudanças climáticas em nosso litoral”, aponta Horta.

Praias em Santa Catarina sentem forte impacto das mudanças climáticas
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“É importante reforçar que essas soluções baseadas na natureza visam reduzir a energia das ondas, reter sedimentos ou construir defesas naturais. Mas isso não vai bastar pois nossas praias estão famintas de sedimento! Portanto, devemos também fomentar práticas responsáveis ​​de uso do território, como evitar construções em áreas de dunas e restingas, gerenciar o escoamento superficial, avaliar os impactos da mineração de areia nos principais rios da região, assim como a centrais hidrelétricas e barragens, medidas que são cruciais para manter o balanço de sedimento com prevenção da erosão a longo prazo”, reforça o professor.

Praias em Santa Catarina sentem forte impacto das mudanças climáticas
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Cientistas avisaram

Os alertas de estudiosos e cientistas vêm de longa data. Recentemente, em 2023 e em 2025, a UFSC emitiu notas técnicas justamente sobre os desastres iminentes nas praias aterradas em Santa Catarina. Nos estudos, previu e denunciou, que o alargamento da faixa de areia, não iria resolver o problema do avanço do mar. Outra denúncia do documento aponta que não foram cumpridas etapas pós alargamento das praias, tais como restituição da restinga.. Esse tipo de plantas é estudado pelo departamento de Ficologia, entre outras áreas.

No caso da praia dos Ingleses, os pesquisadores não encontraram uma muda de qualquer planta que fosse. Zero. Nada foi feito. Diz o relatório: “Essa constatação teve como base a concepção e gestão do problema relacionado com a proteção da costa, por um lado, e a observação da não realização das atividades planejadas e licenciadas, em particular aquelas relacionadas com o objetivo da ‘restauração ambiental’”.

Ou seja, as autoridades são avisadas, mas nada fazem de concreto. Ou talvez, a única coisa que aceitam é justamente o concreto. O que vemos é que o concreto será a lápide de uma ilha que foi conhecida mundialmente por suas belezas naturais. Isso tem se tornado fato concreto.

 

Nas fotos: Praia do Santinho, Praia dos Ingleses e Professor Paulo Horta (UFSC).

Créditos: Ricardo Weg (divulgação)

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