No último domingo o grupo de centenas de pessoas fez uma carreata na praia para chamar a atenção para o problema.
O Laranjal, em Pelotas, é o local de moradia de aproximadamente 40 mil pessoas. A praia, que fica às margens da Lagoa dos Patos, foi um dos locais mais atingidos pela enchente de maio. E para evitar novos problemas do tipo, a comunidade do bairro realizou neste domingo uma carreata.
Segundo a vice-presidente da Associação Comunitária do Laranjal (Asclar), Meri Padilha, após a cidade passar pela maior enchente de sua história, o Laranjal foi o bairro que recebeu menos medidas de proteção contra as cheias até agora. “O bairro foi praticamente todo evacuado. A água subiu em praticamente todas as ruas, só não nas áreas mais altas”, relata. Ela afirma que o Laranjal foi atingido, primeiro pelas águas do Canal São Gonçalo e na sequência pela Lagoa. “Ela encheu com água vinda da Lagoa Mirim por meio do São Gonçalo, chegando a marcar 3,13m. Ficamos 40 dias com as suas águas em nossas casas, a Lagoa logo voltou para o seu leito, ele não, e continua alto”, observa.
Meri afirma que o monitoramento segue, uma vez que os campos ao redor do bairro seguem com água.
Além da carreata, o grupo também promove um abaixo-assinado. “Está em vários locais da praia, onde as pessoas podem participar até o próximo final de semana, quando deve haver uma nova manifestação”, projeta. A ideia é levar o documento da Prefeitura, na Câmara de Vereadores e no Ministério Público,.
“Com o decreto de calamidade, esperávamos que medidas urgentes fossem tomadas neste sentido de nos proteger de futuras cheias”, observa. Meri confirma que, em junho, representantes da Asclar e moradores participaram de uma reunião com a prefeita Paula Mascarenhas, a secretária de Serviços Urbanos Lúcia Amaro e a presidente do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (SANEP) Claudelaine Rodrigues Coelho. “A prefeita nos mostrou um projeto, mas não nos deu datas. Como não fizeram nada em relação a melhora da taipa para transformá-lo em dique de proteção, não vamos parar. Não podemos perder tudo novamente e ficar à mercê de novas cheias, que conforme meteorologistas estão previstas para setembro”, justifica.
A Prefeitura diz que por meio do Sanep, dispõe de projeto desenvolvido pelo corpo técnico da autarquia que prevê uma série de intervenções de segurança e de enfrentamento de novas crises climáticas no Laranjal. O estudo, inclusive, já apresentado pela prefeita a representantes da Associação Comunitária do Laranjal (Asclar) em reunião recente no Paço Municipal.
Já cadastrado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, o projeto desenvolvido pelo Sanep contempla uma série de ações, como o fortalecimento de Casas de Bombas, aprofundamento dos principais canais de macrodrenagem, como o da avenida Espírito Santo, e reparo e requalificação dos barramentos de contenção, como a construção de um novo dique a partir da casa de bombas da rua Nova Prata até a rua Arthur Augusto Assumpção. Inicialmente orçado em R$16 milhões, ele foi readequado considerando os impactos causados pelas enchentes de maio, ampliando ainda mais as intervenções. Os recursos, agora da ordem de R$ 26 milhões, devem ser angariados junto aos governos estadual e federal.
Quanto ao estado das ruas, a secretária de Serviços Urbanos e Infraestrutura diz que a Secretaria trabalha de forma permanente na manutenção das vias do Laranjal após as cheias. Devido ao lençol freático alto (o que deixa o solo úmido por mais tempo) e acúmulo de buracos com água devido à frequência de chuvas, eles foram sendo realizados de forma gradativa, conforme a possibilidade de cada via. Ela lembra que foi utilizado, como forma de otimização, um caminhão hidro e bomba para esvaziar mais rapidamente alguns buracos de proporção maior, e assim dar prosseguimento à manutenção com o emprego de motoniveladoras.
Correio do Povo