Rio Grande do Sul e Santa Catarina serão os estados mais afetados; municípios gaúchos já sofrem com fortes chuvas e inundações que deixaram ao menos 37 mortes.
Os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que já enfrenta uma chuva histórica, podem registrar um fenômeno chamado microexplosão atmosférica ao longo dos próximos dias, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O evento ocorre quando uma corrente de vento descendente violenta se separa de uma nuvem de tempestade e se desloca com força em direção ao solo.
Também conhecido como “downburst” — seu nome em inglês —, o fenômeno é o oposto do tornado, mas o poder destrutivo é semelhante. Ele se trata de uma descarga de ar frio e denso, que atinge o solo e se espalha, provocando ventos fortes que podem atingir velocidades muito altas. Uma microexplosão foi registrada no último sábado em Santa Cruz do Sul (RS).
Este é um fenômeno que pode ocorrer ao longo do ano inteiro, mas é mais comum no verão, quando os dias são mais quentes e a umidade é alta. O cenário favorece a formação de nuvens de tempestade, que podem ter até 20 km de altura e são capazes de gerar um vento destrutivo, segundo o National Weather Service, dos EUA.
Durante uma microexplosão atmosférica, a velocidade dos ventos pode ultrapassar os 200 km por hora, causando estragos, derrubando árvores e provocando danos estruturais a construções.
O evento é caracterizado pelo som de um estrondo alto, normalmente confundido com o som de um trem de carga.
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As chuvas nos estados do Sul podem ficar acima de 100 milímetros no dia, além da previsão de ventos de 60 a 100 km/h, com possibilidade de queda de granizo.
O instituto alertou sobre o risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores, grandes deslizamentos de encostas e alagamentos.
Eventos extremos
De acordo com os meteorologistas do Inmet, as chuvas que estão ocorrendo nesta semana, no Rio Grande do Sul, são causadas por condições climáticas, especialmente o bloqueio atmosférico que impede que o sistema de baixa pressão se desloque pelo país.
Esse bloqueio também é responsável pelas ondas de calor que estão estacionadas no Sudeste e Centro-oeste.
A falta de deslocamento das frentes faz com que haja essa concentração de instabilidades que estão oscilando entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além disso, a umidade que vem da Amazônia, bloqueada de circular pelo Centro-oeste, acaba subindo em altos níveis e entrando na região Sul.
— Estamos vivendo um evento extremo, é uma catástrofe climática. Tem também atuação das mudanças climáticas, é um efeito dominó, tudo está relacionado. O Rio Grande do Sul vem ultrapassando todas as médias climatológicas desde o ano passado, com o fenômeno El Niño atuando, ele provoca esse sinal claro do aumento de chuvas no sul — afirmou Andrea Ramos, meteorologista do Instituto.
Tragédia
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou, no início da manhã desta sexta-feira, que chegou a 31 o número de mortos por consequência das chuvas que atingem todo o território gaúcho há quatro dias.
Ao menos 74 pessoas seguem desaparecidas. De acordo com o último boletim, 235 cidades foram afetadas e mais de 24 mil pessoas estão fora de casa devido aos temporais.
Fonte: Governo do Rio Grande do Sul
A Prefeitura de Porto Alegre bloqueou todos os acessos ao Centro Histórico da capital do Rio Grande do Sul, na manhã desta sexta-feira.
São 26 bloqueios totais e nove bloqueios parciais de vias, impedindo entradas e saídas ao bairro.
A medida foi tomada após o sistema que faz a medição do nível da água do Rio Guaíba, que banha a capital do estado, ter entrado em pane.
De acordo com nota da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Rio Grande do Sul, a estação hidrometeorológica instalada no Cais Mauá, em Porto Alegre, apresentou problemas na leitura nesta madrugada.
A última medição registrava 4m31cm no cais.
O maior nível do Guaíba desde as chuvas que atingiram o estado em 1941. Há expectativa de que o nível supere os cinco metros devido às tempestades, que devem durar até o domingo.
A cidade tem 418 pessoas acolhidas em abrigos temporários. Dentre elas, 346 estão no Pepsi on Stage, 44 no Centro Social Pe. Leonardi e 28 na Escola Estadual Custódio de Mello.
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