Lavanda para sofisticar o Chimarrão.
A festa de uma das flores mais perfumada da natureza, marcada para acontecer em Morro Reuter, de 17 a 20 de outubro, vai apresentar uma novidade: a erva-mate adicionada do sabor e aroma da variedade francesa da planta.
Quando o assunto é o paladar dos gaúchos para sua bebida mais tradicional, o chimarrão, as opiniões se dividem entre a erva moída grossa; a mais verdinha, conhecida como pura folha; ou ainda os compostos saborizados, com frutas e chás.
Uma inovação, no entanto, chega para integrar esta lista e com promessa de fazer sucesso entre os mateadores: a erva-mate acrescida de flores e folhas de lavanda francesa.
O produto será lançado na próxima semana, de 17 a 20 de outubro, durante a 6ª Festa Nacional da Lavanda, em Morro Reuter, município a 66 quilômetros de Porto Alegre.
A criação do blend de erva- mate com a variedade francesa da flor, a lavandula angustifólia, é resultado da parceria do agricultor Ernani Heylmann com a agroindústria Tenda da Erva-Mate, de Ilópolis. Heylmann terá 700 pacotes de 500 gramas do produto para oferecer aos visitantes da feira.
Heylmann é um dos maiores conhecedores do plantio de lavanda no Rio Grande do Sul, e, possivelmente, no Brasil. Iniciou o cultivo da flor há mais de 35 anos e faz questão de ensinar o que sabe sobre o assunto para que a tradição não se perca.
Anualmente, semeia cerca de 20 hectares, os quais entrega a empreendimentos interessados em processar a flor, fabricando óleos essenciais, chás e produtos alimentícios onde a lavanda é utilizada como ingrediente.
O próprio Ernani fabrica óleos e já produziu queijos e méis tendo a lavanda como ingrediente. Ele explica a importância da planta para biodiversidade e para a manutenção das abelhas. Por ser uma espécie botânica perene, cada pé pode render flores durante o ano inteiro e ter ciclos de floração por até 15 anos.
O custo anual da cultura está em torno de R$ 2 mil reais por hectare, desde a implantação do lavandário até as adubações de correção e cobertura, capinas e colheita. Em seu ciclo inicial, a flor tem produção relativamente baixa, mas a partir do segundo ano pode render até quatro toneladas por hectare.
O proprietário da Lavanda Ernani Heylmann garante que o novo produto, reunindo a flor às folhas de erva-mate, tem sabor delicioso, sem correr o risco ser excessivo ou amargo. “Utilizamos as flores e folhas que precisam ser secadas e depois desidratadas”, revela. Segundo ele, o segredo para obter o sabor perfeito é não colocar lavanda demais. “Nós testamos três meses até conseguir o gosto certo”, comenta ele.
Hoje, há mais de 15 mil famílias dedicadas ao cultivo da lavanda em Morro Reuter (dado divulgado pelo escritório municipal da Emater/RS Ascar). É possível colher pelo menos duas safras de flores por ano, o que representa até 85 toneladas de massa seca, da qual é extraído o óleo essencial, utilizado na indústria da perfumaria e com diversas aplicações medicinais, como o combate à insônia e auxílio ao relaxamento da ansiedade.
Há dois anos, foi criada a Associação de Produtores de Lavanda de Morro Reuter e Região. “Por meio dessa união de esforços é possível fortalecer o setor perante o mercado, compartilhar experiências e conhecimentos’, diz a prefeita Carla Chamorro.
As enchentes de abril e maio também afetaram os lavandários de Morro Reuter. Setenta por cento dos plantios registraram perdas, especialmente porque a planta não suporta solos encharcados e porque maio é o mês em que é realizada uma das duas podas anuais, e a chuva inviabilizou o corte.
Correio do Povo
