Três sociedades médicas divulgaram nesse sábado (11) uma nota técnica com recomendações de vacinas para as pessoas que estão enfrentando as enchentes no Rio Grande do Sul.
As indicações são tanto para a população exposta a enchentes quanto para as equipes de socorro e resgate.
O documento, assinado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI) e Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), ressalta que o objetivo da recomendação é garantir que a população esteja protegida contra doenças evitáveis por vacinação.
“Temos defendido muito que as vacinas e os soros contra raiva e tétano precisam estar disponíveis nos locais de atendimento. Defendemos que se faça a vacina nos abrigos e locais de resgate”, ressalta Alessandro Pasqualotto, presidente da Sociedade Gaúcha de Infectologia.
Segundo a nota, as vacinas devem ser administradas a pessoas expostas, exceto se portarem a carteira de vacinação com registro das doses realizadas.
Veja a recomendação para a população em geral, socorristas, pessoas envolvidas em resgates e profissionais da saúde:
* Influenza (gripe) e covid
Indicada para todas as pessoas com seis meses de idade ou mais (exceto aquelas com contraindicações).
Essas vacinas são importantes para evitar surtos em abrigos.
Vale lembrar que outros cuidados também são importantes para diminuir a transmissão dos vírus respiratórios.
* Hepatite A
As sociedades explicam que, devido ao risco de surtos nos períodos de enchente, a vacinação é recomendada (se disponível) para: pacientes especiais (hepatopatas, imunossuprimidos, com doença renal crônica e homens que fazem sexo com homens) de qualquer idade, adultos com idade entre 18 e 40 anos e gestantes.
* Tétano
Uma dose de reforço para adolescentes, adultos e idosos que não foram vacinados contra o tétano nos últimos cinco anos.
* Raiva
Indicada para pessoas que foram expostas ao risco (após mordida de animal mamífero). “O uso do imunizante não deve ser feito de rotina, nem mesmo para os envolvidos em resgate. Ele deve ser restrito para casos de acidentes de risco para a raiva”, alertam os especialistas.
* Tríplice Viral (sarampo, rubéola e caxumba)
É indicada uma dose para todas as pessoas entre 12 meses e 59 anos (exceto aquelas com contraindicações). A vacina é recomendada para todos que não estejam vacinados com pelo menos uma dose.
As vacinas de hepatite B e febre tifoide são recomendadas para socorristas, pessoas envolvidas em resgates e profissionais da saúde.
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul alertou que existe um sistema de informação com registro de vacinação da população. Em caso de não haver nenhuma vacina registrada, a pessoa deverá fazer as vacinas conforme o calendário nacional de vacinação recomendado para a idade.
“Dentro do possível, a orientação é que sejam atualizados esquemas de vacinação contra a gripe (influenza) e covid-19, que protegem contra infecções respiratórias, especialmente no atual momento, em que várias pessoas estão abrigadas em espaços com outras famílias, facilitando a contaminação por esses vírus”, disse a secretaria, em nota.
* Antibiótico para combater leptospirose
Na última semana, as sociedades médicas se posicionaram contra o uso de antibióticos como conduta de rotina para combater a leptospirose. Segundo a nota, a medida profilática é indicada para cinco grupos:
* Equipes de socorristas de resgate;
* Voluntários com exposição prolongada à água da enchente;
* Pessoas que passaram por submersão (cabeça embaixo d’água e quase afogamento);
* Pessoas que tiveram ingestão de água potencialmente contaminada;
* Pessoas que apresentam lesões ou lacerações, como pequenos cortes, pelo corpo e se expuseram à enchente.
“O antibiótico é indicado para a população de maior risco, como socorristas, pessoas com machucados na pele, pessoas que ficaram submersas. Estamos indicando o medicamento para as situações extremas”, diz Pasqualotto.
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Leptospira, comumente adquirida através do contato com água ou solo contaminados pela urina de animais infectados. Após eventos como enchentes, há um aumento do risco de transmissão.
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