Propriedade de 500 hectares fica na área rural de Passo Raso e foi devastada pelas inundações no auge da colheita, em maio, quando o Rio Jacuí também arrastou o barco, bloqueando completamente a passagem da água para a plantação.
Cinco meses após a pior enchente que já atingiu o Rio Grande do Sul, o produtor rural Edson Sacco ainda enfrenta as consequências do desastre. Uma embarcação de 77 metros de comprimento que encalhou em sua fazenda durante a cheia de maio ainda bloqueia o canal de irrigação de lavouras de arroz.
Localizada na área rural de Passo Raso, no município de Triunfo, a 50 quilômetros de Porto Alegre, a propriedade de 500 hectares foi devastada pelas inundações no auge da colheita, quando a correnteza do Rio Jacuí também arrastou a embarcação até o canal de irrigação da fazenda, bloqueando completamente a passagem da água. Agora, a presença do barco ameaça comprometer ainda mais a produção.
— Deu uns R$ 4 milhões de prejuízo a enchente, e agora mais esse barco aí. Estava na metade da colheita, e não sobrou nada — lamenta Sacco.
Segundo o produtor, a falta de irrigação adequada, causada pelo bloqueio, pode inviabilizar o plantio de arroz na nova safra:
— Se faltar água, fica inviável.
Na tragédia climática de maio, Sacco estava em Santa Catarina para um procedimento médico. Ao retornar, de lancha, ele percebeu que a situação era muito pior do que apenas as perdas na lavoura.
O advogado Daniel Feliciani, que representa o proprietário da fazenda, disse que notificou todos os órgãos federais, estaduais, municipais, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), a própria prefeitura, a Marinha do Brasil.
— (Estamos) providenciando uma abertura pela lateral aqui do fluxo d’água para que essa água chegue na lavoura — comenta Feliciani.
A embarcação, usada para transportar minério, estava em reparos em um estaleiro da região quando foi arrastada pela enchente. Até o momento, uma tentativa de removê-la fracassou, e o bloqueio permanece. A Fepam encaminhou o caso à Marinha, responsável pela segurança nas hidrovias e prevenção de poluição ambiental.
Enquanto isso, Sacco aguarda a solução que possa evitar ainda mais prejuízos em uma safra que já foi quase totalmente perdida.
A reportagem tentou contato com os donos da embarcação e do estaleiro, mas não obteve retorno.
A prefeitura de Triunfo confirmou que realizou uma vistoria no local, mas não deu mais detalhes sobre o caso.
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