Como funciona o protocolo vacinal em animais de estimação adotados sem histórico médico

Professora de Medicina Veterinária da UniRitter explica a importância da vacinação de pets e dá dicas para prevenir doenças infecciosas. | Foto: Mauro Schaefer / CP

O combate às doenças na vida domiciliar está entre os desafios relacionados aos cuidados com pets adotados após as enchentes.

A recente enchente que atingiu o Rio Grande do Sul, em maio, fez com que cerca de 20 mil animais precisassem de resgate, estima o governo do estado do Rio Grande do Sul. Estes animais foram, em sua maioria, encaminhados para abrigos sem nenhuma informação de histórico clínico. Entre os desafios relacionados aos cuidados com pets que passaram a esperar pelo retorno a suas famílias ou por encaminhamento a lar temporário e adoção responsável, está o combate a doenças infecciosas nos abrigos e na vida domiciliar após as enchentes.

A campanha de conscientização Julho Dourado destaca a necessidade da vacinação de pets para diminuir o contágio de um animal para o outro, assim como para seres humanos. “A importância de manter os animais de estimação saudáveis é cada vez maior, porque eles se tornam membros da família, vivendo dentro da nossa casa e em cima da nossa cama. Por isso, os pets podem eventualmente, se não saudáveis, transmitir algumas doenças para os seres humanos”, pontua a veterinária Mariana Caetano Teixeira, professora do curso de Medicina Veterinária da UniRitter, ao lembrar que mantendo o pet saudável, é possível manter o ambiente mais seguro para a família também.

Sem um histórico médico confiável, os tutores de animais recém adotados enfrentam o desafio de saber quais vacinas são necessárias e quando buscar as aplicações. Além do combate a zoonoses, que são as infecções transmissíveis de animais para pessoas, os animais domésticos precisam de proteção de um grupo de vacinas que são consideradas essenciais, de acordo com a espécie, que devem ser reforçadas periodicamente. “Se o tutor não tiver o histórico ou comprovação na carteira de vacinação do seu animal, não tem problema, é possível realizar o protocolo vacinal com as doses essenciais e com as que forem mais adequadas ao estilo de vida que ele irá seguir”, confirma Mariana ao ressaltar que nesses casos, os veterinários devem partir do princípio de que não houve a imunização.

A profissional explica que as doses essenciais, definidas por diretrizes internacionais, são vacinas contra doenças que apresentam maior taxa de mortalidade e maiores índices de contaminação entre os animais. Para cães, as doenças que são obrigatórias prevenir são: raiva, cinomose e parvovirose. Enquanto para gatos, são: raiva, panleucopenia (FPV), herpesvírus felino (FHV-1) e calicivirus (FCV).

Já as imunizações opcionais que entram no protocolo vacinal definido pelos profissionais para cada animal de estimação levam em consideração o estilo de vida que o pet irá seguir. “Além da avaliação clínica geral, o veterinário precisa entender qual será o ambiente e a rotina em que esse animal vai viver para identificar quais doenças podem circular perto dele”, explica a professora. Entre os aspectos mais importantes avaliados estão os tipos e a quantidade de animais que estarão no convívio dele, assim como se o espaço é mais rural, urbano ou restrito ao domicílio. Segundo Mariana, as vacinas opcionais mais aplicadas em cães são contra gripe canina e leptospirose, especialmente após a enchente. Já os gatos devem receber imunização contra a leucemia felina (FELV) e clamidiose.

Para os tutores que adotaram animais em abrigos para pets resgatados da enchente, a médica veterinária lembra que a maioria das equipes de voluntários profissionais aplicou vacinas polivalente e antirrábica nos abrigados. Por isso, é possível que os animais já tenham sua própria carteira de vacinação, com dados do veterinário responsável pela aplicação, assim como o lote e a origem da vacina. “É importante que os tutores saibam que a carteira de vacinação é um direito do animal para comprovar a imunização, mas sem ela é fundamental garantir que as doses sejam aplicadas e registradas corretamente”, reforça Mariana, explicando que não há prejuízo para a saúde do pet repetir uma dose já aplicada, se houver sido uma falha de informação.

Dicas para prevenir doenças em pets

Para facilitar os cuidados com a imunização dos pets, professora de Medicina Veterinária da UniRitter dá dicas que protegem o bichinho de estimação das doenças transmissíveis:

  • Procurar um médico veterinário de confiança para aplicar as vacinas;
  • Garantir que o animal esteja saudável para tomar a vacina;
  • Se atentar à procedência das vacinas;
  • Depois de cada vacina, exigir a carteira de vacinação com os dados das doses aplicadas;
  • Evitar exposição do animal a locais de alta circulação.

Correio do Povo

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