Chegada do verão motiva apostas e atrai pessoas de diferentes lugares em busca de oportunidade.
A beira da praia é lugar de diversão e descanso, mas também é de oportunidade. Seja quais forem as condições do tempo ou do dia da semana, na faixa de areia ou no asfalto, tem gente trabalhando sério para garantir o sustento.
Do picolé de R$ 5 ao espumante orgânico de R$ a taça podem ser encontrados no Litoral Norte gaúcho. E por trás de uma verdadeira logística criada para levar esta diversidade de produtos aos que buscam lazer e conforto, estão pessoas como o ambulante Diogo Santos da Silva. Aos 72 anos, pela terceira temporada consecutiva, ele circula por Tramandaí, no litoral Norte, vendendo picolés.
“Sou aposentado, minha renda é pequena. Quando surgir uma oportunidade, faço um dinheiro a mais”, conta.
A opção pelos refrescos gelados, segundo revela, é pela facilidade de revenda. “A marca é boa, quando o pessoal vê o carrinho já sai atacando para comprar. Quer uma ideia? Eu tenho uma corneta, mas nem preciso usar”, afirma.
Conforme Diogo, em um fim de semana da alta temporada, é possível vender em torno de 300 picolés. “Ainda está fraco, mas agora com o pessoal chegando em peso vai melhorar”, diz.
Há 28 anos morando em Tramandaí e vendendo doces de rua nas ruas pelas praias da região, o autônomo Jerônimo Conceição, 52, espera o ano inteiro pelo verão para faturar um pouco mais. “A venda melhorada a partir deste fim de semana de Natal”, projeto.
Conceição diz que sustenta a casa a partir da arrecadação com o ofício, admitindo que nesta época do ano mal tem tempo de desfrutar das belezas naturais do litoral. “O foco é na venda”, admite.
Este é o 38º verão do comerciante Osvaldo Jardim, 60 anos, vendendo à beira-mar de Torres. Proprietário de um quiosque na Praia da Guarita, ele espera que a temporada 2024/2025 seja de melhor desempenho que as anteriores, impactadas pela pandemia, crise econômica no Brasil e em países vizinhos.
“Tá melhorando, a partir desta sexta-feira o verão começou de fato. Eu acredito que esse verão vai ser bom, mas não vai ser ‘o bicho’, por causa da enchente de maio. Talvez muitos não tenham condições de vir para a praia”.
Jardim, no entanto, espera que a presença de turistas estrangeiros em Torres compense a menor presença de gaúchos, caso ocorra.
Tem, ainda uma turma que viaja o país inteiro – e vem até de fora – para sonhar com a vida melhor no litoral do RS.
Alegres, falantes e bons de venda, brasileiros da região Nordeste e imigrantes senegaleses e haitianos estão por toda parte com seus enormes carrinhos carregados de redes, cangas, chapéus, bermudas e biquínis; ou mesmo com os tabuleiros chamativos com óculos de sol e artigos eletrônicos como caixas de som e acessórios para smartphones. São valentes, trabalham horas a fio sob sol forte e intempéries, muitos passam de dezembro a março vivendo até mesmo em condições precárias, porém, especifique o anonimato.
É o caso de um paraibano que vende óculos e roupas em Tramandaí. Por medo da fiscalização, não se deixa fotografar ou revelar o nome, mas garante que vale a pena fazer negócios nas praias gaúchas. “Eu atravessei o país porque aqui consigo preços melhores, os clientes pagam mais”, compara.
Correio do Povo
