Trem urbano com passageiros da linha ferroviária General San Martín colidiu com outro de manutenção.
Pelo menos 57 pessoas receberam cuidados hospitalares, duas delas em estado grave, após uma colisão entre trens nesta sexta-feira (10) em Buenos Aires, informaram funcionários do serviço de emergência da cidade, o SAME.
O acidente ocorreu às 10h30 locais (mesmo horário em Brasília), quando um trem urbano com passageiros da linha ferroviária General San Martín colidiu com outro de manutenção que, por motivos que estão sendo investigados, estava parado no bairro de Palermo, segundo as análises preliminares.
“Não temos vítimas fatais, mas os cães ‘pentearam’ [revistaram] os vagões, atendemos 90 passageiros, 30 deles foram transferidos a hospitais, dois deles com traumatismo craniano, que foram levados de helicóptero”, disse à imprensa Alberto Crescenti, encarregado do SAME.
Depois, porém, o Ministério da Saúde da Cidade de Buenos Aires indicou em um comunicado que foram 57 os hospitalizados.
Crescenti afirmou que todos os feridos já receberam alta, exceto um que foi operado por traumatismo craniano. Ele não deu informações sobre o estado da outra vítima grave.
Mais tarde, o Ministério da Saúde da cidade esclareceu que 17 vítimas permanecem em observação em hospitais de Buenos Aires.
“Por enquanto, não há informação suficiente sobre a mecânica do acidente”, disse o prefeito de Buenos Aires, Jorge Macri, presente no local.
“Quando chegamos, já estavam transportando os feridos, estavam muito abalados, os que não estavam feridos saíram por seus próprios meios”, disse à AFP Facundo Gómez, policial da operação que conteve a perda de combustível em um dos trens.
Participaram da operação de evacuação cerca de 60 ambulâncias, seis motos e dois helicópteros, segundo o SAME.
A empresa Trenes Argentinos informou, em um comunicado, que o acidente aconteceu quando um trem de passageiros com sete vagões “colidiu com uma locomotiva e um vagão de carga vazio” no viaduto Palermo.
“O acidente ocorreu por razões que estão sendo investigadas e, como resultado, o vagão da formação vazia e a locomotiva e o primeiro vagão de passageiros descarrilaram”, acrescentou.
O impacto ocorreu em um viaduto próximo a avenidas de grande circulação rodeadas por parques, o que facilitou a evacuação aérea dos dois passageiros gravemente feridos.
“Há dez hospitais que receberam os feridos”, afirmou o secretário de Transportes, Franco Mogetta, sobre a operação.
‘Vivos por um milagre’
“Estamos vivos por um milagre”, declarou um dos passageiros pouco depois do acidente.
Seu trem havia partido de Pilar, na periferia norte da capital argentina, e se dirigia ao terminal de Retiro de Buenos Aires.
“Foi muito forte. Imagine que no último vagão uma pessoa bateu contra a porta. Ficou muita gente caída no chão. Escutei o estrondo dos dois vagões se chocando”, contou ao canal de televisão TN outra das passageiras, que não se identificou.
Uma das hipóteses investigadas sobre as causas do acidente é uma falha no sistema de sinalização elétrica.
“Há múltiplas hipóteses de como se deu o acidente, há denúncias de roubos de cabos, mas queremos ser prudentes, estamos investigando os avisos e os sinais”, disse Mogetta.
O roubo de cabos de alta tensão para a venda do cobre em seu interior é um problema frequente na Argentina.
O titular da Fraternidade, sindicato dos maquinistas, Omar Maturano, denunciou à Radio 10 não só o roubo de cabos, como também também a deterioração das locomotivas e vagões.
“Estão roubando os cabos de sinalização, há dez dias estamos pedindo que sejam consertados, mas não há peças de reposição, há uma degradação total da empresa, não apenas em relação às reposições para sinalização, mas também aos trens e vagões porque não há orçamento”, disse.
Segundo Maturano, trata-se de um desfinanciamento da empresa estatal Trens Argentinos que visa “que uma empresa [privada] venha e a compre por um valor menor”.
“Não somos a favor da privatização, mas sim de que seja concedida ao capital privado e que coloquem dinheiro na infraestrutura para que os trens funcionem como deveriam e com o número adequado de funcionários”, defendeu.
Correio do Povo