Deixar de fumar é um dos maiores desafios enfrentados por quem busca uma vida mais saudável.

A nicotina cria uma forte dependência física e emocional, tornando a abstinência um momento crítico, com sintomas como ansiedade, irritabilidade e a famosa “fissura”. Mas, além de tratamentos médicos e terapias, uma aliada poderosa nesse processo vem ganhando destaque: a alimentação.

Segundo a professora do curso de Nutrição da Estácio, Fernanda Albuquerque, uma dieta equilibrada, combinada com hidratação adequada, pode amenizar os efeitos da abstinência, ajudar na desintoxicação do organismo e, ainda, evitar o ganho de peso associado à cessação do tabagismo.

Hidratação: a primeira linha de defesa

“Beber bastante água durante todo o dia, no mínimo dois litros, é fundamental para controlar a vontade de fumar, hidratar bem o corpo e promover o bem-estar no processo de cessação tabágica”, orienta Fernanda Albuquerque.

Além de ajudar a controlar a vontade de fumar, a hidratação é essencial para eliminar as toxinas acumuladas pelo estresse oxidativo causado pelo tabagismo. A água facilita a desintoxicação natural do organismo e reduz sintomas físicos da abstinência, como boca seca e irritabilidade.

Segundo Fernanda Albuquerque, muitos ex-fumantes buscam substituir o cigarro por alimentos de consumo rápido e prazeroso, como balas, chicletes e biscoitos. Mas o alerta é claro: “Esses alimentos são ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras, sódio e aditivos químicos. Eles promovem prazer momentâneo, mas não são saudáveis, podendo levar a doenças como obesidade, hipertensão e diabetes”.

A recomendação é reduzir o consumo desses produtos, que podem aumentar ainda mais os riscos à saúde, já comprometida pelo histórico de tabagismo.

Aliados naturais: o que comer para vencer a fissura

A nutricionista destaca que o segredo está em uma alimentação variada e equilibrada. Alguns alimentos, inclusive, possuem efeito positivo comprovado na redução da fissura, ou “craving”, pelo cigarro.

Sugestões práticas:

Mix de frutas secas e oleaginosas

Frutas como tâmara, damasco, uva passa, manga e banana são práticas, fáceis de armazenar e podem ser levadas para qualquer lugar. “Elas suprem a necessidade de ter algo à mão, o que ajuda a substituir o hábito de levar o cigarro à boca”, explica Fernanda.

Chocolate 70% cacau

Estudos indicam que o consumo moderado de chocolate amargo — cerca de 40 gramas por dia, fracionado — estimula a sensação de prazer e atua no sistema endocanabinoide, responsável por regular apetite, humor, memória e sono. “Esse efeito pode aliviar o estresse e a ansiedade típicos do processo de cessação”, completa a nutricionista.

Legumes e frutas em palitinhos

Além de saudáveis, são uma excelente opção para manter o hábito oral sem prejudicar a saúde. “Orientamos que o paciente sempre tenha esses alimentos à mão para substituir o cigarro”, sugere.

Mais saúde, menos ansiedade: o papel da nutrição no abandono do cigarro

Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reforçam a importância do combate ao tabagismo: segundo a entidade, o cigarro é responsável por mais de 8 milhões de mortes anuais no mundo e sua cessação representa um dos maiores ganhos em qualidade de vida e longevidade.

A nutricionista destaca que a alimentação saudável não apenas auxilia no processo de parar de fumar, mas também contribui para reparar danos causados pelo tabaco ao longo dos anos.

“Uma dieta equilibrada fortalece o sistema imunológico, melhora a saúde cardiovascular e ajuda na manutenção do peso, um dos medos comuns entre quem quer abandonar o cigarro”, explica Fernanda Albuquerque.

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