Desfile começou na Champs-Elysées e teve shows e exibições artísticas na Place de la Concorde.
Um mês e dois dias depois das ruas de Paris presenciarem a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, os cartões postais da capital francesa foram palco do evento de início da 17ª edição da Paralimpíada nesta quarta-feira (28). O desfile começou na Champs-Elysées e teve shows e exibições artísticas na Place de la Concorde. Com o tema “Paradoxo”, o espetáculo destacou “todos os corpos”.
Antes mesmo do brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, e Emmanuel Macron, presidente da França, se cumprimentaram nas tribunas de honra, o comitê organizador exibiu um vídeo com Théo Curin, nadador francês, em um táxi decorado de Phryges, mascote dos Jogos.
A diferença para o da Olimpíada é uma prótese na perna esquerda. Sobrevivente de uma meningite, Curin apresenta um quadro na TV da França em que dirige um veículo e entrevista personalidades.
Seguindo o tom do evento, a primeira apresentação artística teve 140 dançarinos da sociedade rígida (todos de preto) e 16 dançarinos da sociedade criativa (coloridos). Em uma dança que iniciou com todos separados, terminou com os “opostos” juntos, misturados no centro da principal praça de Paris. Antes do desfile das delegações começar, a cantora Christine and the Queens performou uma nova versão da icônica canção Non, je né retrete rien, de Édith Piaf.
Em alto nível, o primeiro ato estava encerrado e foi um prenúncio da passagem das nações pela Champs-Elysées na já conhecida “Parada das Nações”. Ao contrário da Olimpíada, quando a Grécia é a primeira delegação a aparecer, na Paralimpíada o alfabeto é quem coordena a entrada dos países. Sob o som de Jean-Michel Jarre, grande nome do eletrônico francês, o Afeganistão deu início aos trabalhos.
A Parada das Nações
Com o maior número de atletas em uma edição fora do país, o Brasil foi o 21º país a desfilar, logo depois da Botswana e antes da Bulgária. Os 280 representantes brasileiros (incluindo atletas-guia, calheiros, goleiros e timoneiro) não estiveram no desfile, mas os que desfilaram pareciam bem mais do que a delegação do país. Sob o comando das dancinhas de Gabriel Araújo (natação) e da animação de Beth Gomes (atletismo), ambos porta-bandeiras do Brasil, a delegação levantou todo o público que assistia ao evento.
— Estou muito feliz e honrado É um momento único e uma emoção muito grande. Meu treinador (Fábio Antunes) sempre pensa com antecedência. Sempre nos antecipamos às situações e já estava no meu planejamento participar da abertura, independentemente de nadar no dia seguinte ou não. E uma oportunidade como essa não tem como recusar. É um sonho estar vivendo tudo isso — disse Gabriel ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
As três últimas delegações seguiram a ordem dos próximos Jogos Paralímpicos. A antepenúltima foi a Austrália, que terá Brisbane como sede em 2032. Logo depois, os Estados Unidos entraram no desfile (Los Angeles receberá em 2028). Por último, a França, sede da Paralimpíada deste ano.
O terceiro ato do espetáculo começou com “Minha Habilidade”, um vídeo com atletas e ex-atletas paralímpicos que falaram sobre suas experiências no esporte e a aceitação do corpo com deficiência.
Na sequência, os monocromáticos e os coloridos voltaram a se encontrar no palco em mais uma apresentação, desta vez sobre um cantor com deficiência. Mais uma vez, os opostos acabaram o ato juntos no palco e com a mensagem “A Mudança Começa com o Esporte”.
Place de La Concorde foi um dos cartões postais da cerimônia. Dimitar DILKOFF / AFP
Discursos
Ao som de La Marseillaise, hino francês, em uma interpretação de Victor le Masne, a bandeira da França foi hasteada na cerimônia. O hasteamento foi sucedido pelo discurso de Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, e de Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador de Paris 2024.
— O que faz de vocês revolucionários é que quando ouvirem “não”, vocês persistiram. Vamos fazer juntos essa revolução paralímpica. Quando o esporte começar, não veremos homens e mulheres, veremos campeões. No dia 9 de setembro, vamos acordar diferentes — disse Estanguet.
— Sejam bem-vindos ao evento mais transformador do mundo: os Jogos Paralímpicos de Paris. Vamos fazer com que o esporte seja uma amalgama social que nos une. Os Jogos serão uma demonstração que as pessoas com deficiência podem alcançar qualquer lugar no mundo — acrescentou Parsons.
Ao término do seu discurso, o brasileiro convidou o presidente da França para abrir oficialmente os Jogos Paralímpicos de Paris. Macron precisou de menos de 30 segundos para sua manifestação:
— Os Jogos estão oficialmente abertos.
As apresentações continuaram. Ao contrário dos opostos do começo da cerimônia, todos os dançarinos subiram ao palco de branco, em uma forma de mostrar que todos são iguais perante a sociedade, como uma integração.
Parte final da apresentação
Encaminhando-se para o final, o evento recebeu a bandeira paralímpica carregada por John McFall, paratleta britânico e selecionado pela Agência Espacial Europeia (ESA) para se tornar o primeiro “parastronauta” do mundo.
Por fim, a tocha paralímpico enfim apareceu para acender a pira. A avenida Champs-Elysées começou a ser percorrida por Florent Manadou, atleta olímpico e um dos mais importantes da França. A chama passou por um grupo de 12 campeões paralímpicos — seis homens e seis mulheres — antes do acendimento da pira.
Das mãos dele passou para Michael Jeremiasz, campeão paralímpico no tênis. Do tenista a chama foi para três estrelas internacionais. Beatrice Vio, paraesgrimista da Itália, foi a primeira a conduzir no terceiro trecho. Dela a tocha foi para Oksana Masters, norte-americana, multimedalhista paralímpica.
Entre os últimos condutores, Christian Lachaud, o homem francês mais bem sucedido nos Jogos Paralímpicos. Ele foi atleta da esgrima em cadeira de rodas e carregou a tocha no caminho até o Museu do Louvre.
Os responsáveis por acender a pira, a mesma dos Jogos Olímpicos, foram Charles-Antoine Kouakou, Nantenin Keita, ambos do atletismo, Fabien Lmairault, do tênis de mesa, Alexis Hanquinquant, do triatlo, e Elodi Lorandi, da natação. O balão de fogo repetiu a cena do mês passado e foi para os céus de Paris.
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