Santa Catarina confirma mais um tornado, e El Niño pode trazer fenômeno para o RS em dezembro

Gaúchos vivem na região conhecida como “corredor de tornados”, marcada pela frequência do evento climático que poderá ocorrer ainda em 2023, resultante do choque de massas de ar quente e frio

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A Defesa Civil de Santa Catarina confirmou, nesta quarta-feira (29), que a nuvem em forma de funil girando em alta velocidade, registrada em vídeo no município de Rio das Antas, e que circula nas redes sociais é, de fato, um tornado.

É o sexto evento do tipo em novembro no Estado vizinho. Para o Rio Grande do Sul, especialistas projetam que há possibilidade de ocorrências deste fenômeno no verão, especialmente em dezembro.

Os três Estados mais ao sul do país, junto de São Paulo, Triângulo Mineiro e Mato Grosso do Sul, formam o chamado corredor de tornados.

Nesta área, o encontro de massas de ar frio da Patagônia com ventos tropicais formados na Amazônia ou massas de ar quente oriundas do Oceano Atlântico criam condições propícias a fenômenos como esse. Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai também integram a região cunhada pelos especialistas.

Segundo o meteorologista da Climatempo Vinícius Lucyrio, o tornado é uma coluna de ar que gira de forma violenta e desce até solo como uma espiral.

— É assim caracterizado quando toca o chão e deixa rastros na vegetação e, até mesmo, destruição de construções, por exemplo. São nuvens que chamamos de supercélulas e apresentam uma rotação, como um ciclone menor ou mesociclone. Se for de menor intensidade, é chamado de tromba d’água. Tem a ver com o forte contraste térmico que acontece sobre a região — explica o especialista.

O avanço do ar frio vindo de regiões polares, encontrando ar quente originado no interior do continente, favorece a formação de muitas nuvens carregadas, de acordo com o meteorologista. Com o El Niño, esses fluxos de ar quente ficam ainda mais intensos e aumentam as chances de eventos de tempo severo que, localmente, acabam gerando fenômenos extremos, como os tornados.

— Essas regiões (do corredor de tornados) têm um contraste técnico muito acentuado, principalmente na primavera. O risco maior é ainda no mês de dezembro, quando teremos algumas entradas de ar frio que se chocam com o ar quente na região Sul. A partir de janeiro, a possibilidade de tempo severo diminui — projeta Lucyrio.

 

Não são raros por aqui

O meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), Henrique Repinaldo, lembra que a maioria dos relatos de tornado no Brasil ocorrem nas regiões oeste do RS e SC, que se assemelham geograficamente aos Estados Unidos, onde são registrados cerca de 1,2 mil tornados por ano.

— São regiões similares às planícies a Leste das montanhas rochosas norte-americanas. No nosso continente, temos a Cordilheira dos Andes. Ali, uma corrente de jato de ar, um rio atmosférico, que canaliza a umidade desde a região Amazônica até o norte da Argentina. Uma região favorável a tornados — diz Repinaldo.

O contraste térmico das massas de ar, comum a dezembro, será “combustível” para uma eventual ocorrência de fenômenos como este de Santa Catarina desta semana, conforme o meteorologista da UFPel.

— Algumas tempestades podem se tornar casos de tornados. Parecem, mas não são raros. É que, muitas vezes, acontecem em zonas não povoadas, no campo, e não se registra. Por aqui, sempre ocorreram e continuarão ocorrendo — esclarece Repinaldo, lembrando do caso do município de Giruá, no noroeste gaúcho, que decretou situação de emergência depois do temporal que causou uma morte e mais de 50 feridos em 15 de novembro deste ano.

 

Você sabe a diferença entre os fenômenos?

Tornado, ciclone e furacão são sistemas muito similares, mas formados em áreas diferentes, e, por isso, chamados de forma diferente.

É comum as pessoas confundirem suas características.

 

Entenda algumas diferenças:

 

Tornado

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O município de São José da Boa Vista (PR) foi atingido por um tornado em 28 de outubro.
Reprodução / Redes Sociais

 

Normalmente ocorrem em terra.

Assim como os furacões, são muito potentes (a velocidade dos ventos pode variar de 100 km/h a 500 km/h), porém têm diâmetros menores.

Eles deixam um rastro de destruição muito específico, uma faixa, por exemplo, de dois quilômetros de largura – diferentemente dos furacões, com danos são mais espalhados.

 

Ciclone

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Imagem de satélite mostra ciclone que atuou no RS em junho deste ano
Windy / Divulgação

 

São fenômenos meteorológicos formados a partir de grandes contrastes de temperatura.

Eles provocam chuva e ventos com grande intensidade.

Os mais conhecidos são os ciclones extratropicais e tropicais. Manifestam-se por meio de fortes tempestades e frentes frias, com chuvas e ventos fortes.

 

Furacão

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Imagem de satélite mostra furacão Dorian, de categoria 5, que atingiu o sul dos Estados Unidos em 2019.NOAA/RAMMB/HANDOUT / AFP

 

É um ciclone tropical (porque se localiza na região dos trópicos) muito forte. Ele passa a ser considerado furacão quando a velocidade dos ventos supera os 119 km/h.

A escala que mede os furacões é a Saffir-Simpson, que vai de um a cinco. Um furacão categoria cinco, como o Katrina, que atingiu New Orleans em 2005, tem ventos de 249 km/h. Furacões são incomuns no Hemisfério Sul.

Exceção foi o Catarina, que atingiu as costas catarinense e gaúcha em 2004, com ventos máximos de 155 km/h (categoria 2 na escala Saffir-Simpson).

 

gauchazh.clicrbs.com.br

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