Idoso sequestrado em Bento foi internado em clínica de Osório; enteada organizou o crime

Osmir Rodrigues dos Santos, de 67 anos. Foto: Redes sociais

Osmir Rodrigues dos Santos, de 67 anos, foi resgatado pela Polícia Civil.

O caso do sequestro do idoso Osmir Rodrigues dos Santos, de 67 anos, ganhou mais detalhes por parte da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) de Bento Gonçalves.

Osmir estava desaparecido desde o dia 27 de agosto, quando foi levado de sua casa, no Vale Aurora, interior da cidade. A companheira dele foi encontrada por vizinhos em uma ribanceira, sendo resgatada pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM).

Segundo a 1º DP, em 27 de agosto, chegou ao conhecimento da Polícia Civil a notícia de um suposto sequestro ocorrido na região do Vale Aurora.

As informações surgiram após uma das vítimas ter sido localizada por vizinhos, no meio mato, nas proximidades de sua residência, ocasião em que relatou que estava fugindo, pois teria sido mantida em cárcere privado durante todo o dia.

 

Confira o reencontro de Osmir com a família

As primeiras diligências da investigação evidenciaram que se tratava de um Sequestro e Cárcere Privado envolvendo duas vítimas: a mulher encontrada no matagal, de 56 anos, e o marido dela, Osmir Rodrigues dos Santos, de 67 anos, que estava desaparecido.

Segundo a 1ª DP, logo nos primeiros dias de apuração, identificaram-se evidências concretas da autoria do crime, sendo a principal suspeita a própria filha da mulher e enteada de Osmir.

Naquele estágio da investigação, apurou-se que a suspeita residia com o casal e na madrugada do dia 27 de agosto recebeu na residência três homens que, sob sua coordenação, sequestraram Osmir, retirando-o à força de dentro do próprio quarto e arrastando-o para fora da residência.

Enquanto isso, a suspeita continha a própria mãe para não intervir na cena.

Após a retirada de Osmir de dentro da casa, a suspeita permaneceu no local mantendo a própria mãe em cárcere privado dentro de um dos cômodos durante todo o dia. Ao final do dia 27, a vítima conseguiu fugir do cárcere através do forro da casa, sendo localizada no matagal próximo à residência e levada para atendimento no Hospital Tacchini.

Após as evidências iniciais de autoria, foi solicitada ao Poder Judiciário a prisão temporária da suspeita, de 38 anos, que foi deferida pela Justiça, de modo que sua prisão foi efetivada pela equipe da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves no dia 31 de agosto.

No curso da apuração, inclusive após a prisão, não houve qualquer tipo de colaboração da investigada acerca do paradeiro de Osmir, segundo a 1ª DP.

 

Como aconteceu

A equipe da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves continuou com o trabalho investigativo. Após 12 dias de trabalho, no último sábado, 07/09, a investigação apontou evidências concretas de que a vítima teria sido levada, forçadamente, para Osório, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, e estava internada em uma clínica de recuperação para dependentes químicos (álcool e droga).

O fato chamou atenção da equipe policial, visto que, após todos os dias de trabalho investigativo, não se tinha notícia de que a vítima seria dependente química.

O que se sabia era que ele trabalhava durante o dia todo e à noite e que, social e esporadicamente, tomava algum tipo de bebida alcoólica antes do jantar.

“Ocorre que ao aprofundarmos a investigação, ainda na noite de sábado (07/09), apurou-se que a suspeita (enteada de Osmir) planejou uma internação forçada dele e, para tanto, contratou pessoas, denominadas ‘captadores’, cuja atividade é voltada para realizar a condução de pessoas indicadas por algum familiar até alguma clínica que aceite tal paciente”, diz o Delegado Ederson Bilhan.

Neste caso concreto, a suspeita, desde o dia 25 de agosto, dois dias antes do fato, manteve tratativas com esse grupo e contratou-os para conduzir seu padrasto de forma involuntária.

Os “captadores” contratados vieram a Bento Gonçalves na madrugada do dia 27 de agosto, ingressaram na residência, em conluio com a suspeita, entraram no quarto de Osmir, o imobilizaram, amarraram suas mãos e o arrastaram até dentro de um veículo que estava do lado de fora.

Por fim, o conduziram, amarrado, até uma clínica de recuperação de dependentes químicos situada em Osório.

 

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A mulher conseguiu fugir pelo forro da residência.     Foto: Polícia Civil

 

O resgate

Diante dos indicativos contundentes de sequestro e do possível destino da vítima, a equipe de policiais civis da 1ª DP de Bento Gonçalves deslocou-se, na manhã de domingo, 08/09, até Osório, onde localizou e resgatou Osmir de dentro da clínica.

Apurou-se que ele teve que assinar documentos para ingresso no estabelecimento e um destes seria um termo de internação voluntária.

Porém, diante do contexto investigado, constatou-se que, apesar da assinatura, tratava-se de internação que não atendia aos preceitos legais, visto que não havia voluntariedade do paciente Osmir, nem encaminhamento médico e muito menos ordem judicial para internação, razão pela qual a vítima foi resgatada pelos policiais e trazida para Bento Gonçalves e entregue à família.

 

Prisão e outros casos

A suspeita permanece presa pelos crimes de Sequestro e Cárcere Privado contra a própria mãe e o padrasto.

A investigação prossegue no intuito de identificar os demais suspeitos, bem como as condutas dos responsáveis pela clínica.

“Ressalto, por fim, que frente ao panorama investigado emerge a preocupação para além deste Inquérito Policial no sentido de que outras pessoas possam estar ou passar por situações similares consubstanciadas em internações involuntárias travestidas de voluntárias a mando de algum familiar que, por alguma razão, decida internar um ente sem observar a legislação de regência quando as clínicas e instituições dessa natureza não tomam a devida precaução a fim de apurar se tal internação é efetivamente voluntária”, finaliza o Delegado.

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Foto: Reprodução

Envolvimento da clínica

De acordo com o Delegado, o envolvimento da clínica de dependentes químicos de Osório no crime de Sequestro será investigado. Mesmo não sendo uma clínica clandestina, ela pode ter algum envolvimento.

“Seja na forma comissiva ou omissiva, pode haver sim responsabilização se ficar demonstrado que eles sabiam que a internação era involuntária, ou seja, que a vítima teria sido levada à força e eles nada fizeram ou simplesmente ‘fecharam os olhos’ e aceitaram como se internação voluntária fosse. Se a gente demonstrar isso, serão responsabilizados, não tenha dúvidas”, informa o Delegado Ederson Bilhan.

 

serranossa.com.br

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