Tempo encoberto favoreceu corredores que enfrentaram até 84 quilômetros na beira do mar.
O relógio marcava 12h14min quando Felipe Costa da Silva, 35 anos, cruzou a linha de chegada e se tornou tetracampeão da tradicional Travessia Torres Tramandaí (TTT), na categoria individual. Morador de Tubarão, em Santa Catarina, o atleta fez o trajeto de 84 quilômetros pelas areias das praias do Litoral Norte até o ponto final, na Barra de Imbé, em seis horas e 14 minutos — pouco tempo a mais do que no ano anterior, quando também foi o primeiro a concluir a prova.
Silva e outros 220 participantes saíram do ponto de largada, na Avenida Cristóvão Colombo, esquina com a Avenida Dom Pedro, em Torres, às 6h deste sábado (27). Após a chegada em Imbé, o atleta comentou que, todos os anos, pensa em não participar da prova, que define como “muito desafiadora física e mentalmente”. De toda forma, garante que está muito feliz com o resultado, mesmo não tendo batido o próprio recorde de 2023 — que foi de seis horas e oito minutos.
— A gente quer se superar e, ao mesmo tempo, tem medo, porque são 84 quilômetros, é uma prova muito dura. Então, a gente fica pensando se vale a pena sair da zona de conforto. E a gente não vem para ganhar, viemos para fazer a prova, o resto é consequência — conta Silva, ressaltando que o clima estava melhor neste ano, mas a praia estava “mais pesada”.
A 18º edição da TTT contou com a predominância de tempo nublado e alguns períodos de instabilidade nas praias do Litoral Norte, um cenário bem diferente do ano passado, quando o sol forte e a sensação de abafamento marcaram presença. Neste ano, contudo, a organização manteve as mudanças aplicadas em 2023 e o trajeto total continuou de 84 quilômetros — antes, eram 82.
Na categoria individual feminina, a vencedora foi Mariel Vianna, 43 anos. Moradora de Santo Ângelo, a atleta cruzou a linha de chegada pouco antes das 13h30min, caindo de joelhos na areia, bastante emocionada. Foi a primeira vez que disputou a maratona sozinha.
— É uma prova dura e, no início, a gente se empolga. Mas na finaleira já começou a doer tudo, comecei a cansar. Sabia que estava perto da chegada, mas não imaginava ganhar, jamais! Vim para fazer abaixo de nove horas e aí foi rolando, segui as dicas do meu treinador, e deu nisso. Estou flutuando, feliz demais, não esperava — comemora Mariel, que fez o trajeto em sete horas e 29 minutos.
Conforme a organização do evento, a travessia pode ser feita em diferentes categorias: solo (com saída às 6h de Torres), em duplas (saída às 6h30min), em quartetos (saída às 7h) ou octetos (saída às 7h30min). Há ainda outra opção de trajeto, que começa na praia de Curumim, com destino ao mesmo ponto de chegada montado em Imbé. Nesse caso, são 42 quilômetros e o início do percurso ocorreu às 8h.
Paulinho Stoni, que faz parte da organização da TTT, diz que foram quase 3 mil atletas participantes neste ano, sendo 221 na categoria individual de 84 quilômetros e 135 no solo de 42 quilômetros, além de 85 duplas, 204 quartetos, 165 octetos e quase 400 pessoas participando do trote.
— O evento está crescendo cada ano mais, agora chegou na maioridade, são 18 anos de evento. Algo que começou com oito pessoas e agora tem quase 3 mil atletas inscritos. A cada ano que passa a prova está evoluindo e ficando mais atrativa — afirma Stoni.
42 quilômetros
O primeiro vencedor da TTT deste sábado foi Nodário Cardoso Lopes, 37 anos, que cruzou a linha de chegada às 10h50min. O atleta concluiu o trajeto de 42 quilômetros entre Curumim e a Barra de Imbé em duas horas e 50 minutos.
Natural de Porto Alegre, o atleta relata que foi bom correr neste sábado nublado, mas aponta que foi preciso fazer bastante força contra o vento para conseguir manter o ritmo. Os treinos para essa prova começaram na primeira semana de dezembro e, no próximo mês, Lopes iniciará seu treinamento para a Maratona Internacional de Porto Alegre.
— Mas a percepção de esforço não foi muito forte, comparada com as edições anteriores. Eu já corri duas vezes solo, já corri em dupla e em quarteto, mas este ano para mim, no solo, foi o mais favorável — diz Lopes, que é professor de Educação Física e começou a correr em 2013.
Depois de Lopes, diversos outros atletas da categoria chegaram na Barra de Imbé. Entre as mulheres, a primeira foi Solange Maria Cechin, 44 anos, que se tornou bicampeã da modalidade, batendo seu próprio recorde.
Em 2023, a moradora de Caxias do Sul ganhou a prova com três horas e 24 minutos. Neste ano, conseguiu diminuir o tempo em três minutos.
— A TTT é uma prova que eu gosto muito e participo desde 2011. Já fiz a modalidade dupla, quarteto e octeto. No ano passado, decidi fazer a maratona e gostei muito, porque depende só de mim. Resolvi me inscrever de novo e vi que posso fazer cada vez melhor, mas, claro, teve muito treinamento, dedicação e muita disciplina com treino e alimentação — relata Sol, enfatizando que a dieta equilibrada fez muita diferença durante a prova.
A atleta também destaca que gosta muito de praia e que a areia é o seu “chão” preferido. Por isso, aproveita as férias para treinar perto do mar.
— Eu me sinto bem correndo na praia e treinei muito para essa prova. Me dediquei mesmo. É difícil, mas quando tu te condicionas, facilita. Estou feliz com minha própria superação, fiquei surpresa comigo mesma — finaliza.
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