Há quase 30 anos  houve outra colisão entre duas aeronaves em Gramado onde morreram 9 pessoas

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“Só o tempo ensina a acalmar nossa dor”, diz sobrevivente de outro acidente aéreo ocorrido em Gramado, 29 anos atrás Camila Martins tinha 12 anos e foi a única a ficar viva dentre os ocupantes de dois aviões que colidiram na cidade serrana, em 1995.

Morreram nove pessoas, maior desastre desse tipo na região, antes do ocorrido no último domingo (22).

A queda do avião Piper Cheyenne que deixou 10 mortos no último domingo (22) não foi o primeiro grande desastre aéreo vivenciado em Gramado.

Aconteceu outro há quase 30 anos e Camila Atayde Martins, 41 anos, lembra de cada detalhe, como se fosse hoje. Ela foi a única sobrevivente da colisão entre duas aeronaves, um Cessna 172 e um Embraer Sertanejo, ocorrida às 17h de 22 de outubro de 1995. Morreram nove pessoas naquele acidente, o maior na região, até o registrado esta semana.

Os dois aparelhos faziam voos panorâmicos e, por alguma falha de comunicação, um não sabia da localização do outro. Os aviões voavam a 500 metros de altitude, quando se chocaram. O Sertanejo mergulhou em parafuso e se despedaçou junto à rodovia RS-115, que liga Gramado a Porto Alegre, por pouco não atingiu algumas casas existentes no local. Nenhum de seus seis ocupantes sobreviveu.

O Cessna foi atingido por trás e ainda conseguiu planar um pouco, até cair num açude, também em Gramado, perto da RS-235, que faz a ligação com Nova Petrópolis.

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Cessna onde estava Camila Martins, única sobrevivente de colisão aérea nos céus de Gramado, em 1995
Camila Martins. / Arquivo Pessoal

 

 

Não lembro de mais nada. Só que eu rezava em voz alta. Passava um filme na minha cabeça, que aquilo era o fim, que não veria mais minha família

CAMILA ATAYDE MARTINS

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Camila Martins, dentista e única sobrevivente de acidente aéreo em Gramado em 1995   –   Camila Martins. / Arquivo Pessoal

Morreram o piloto do Sertanejo, Adriano Dalla Santa, e os passageiros César Augusto Scheffer, Henrique Souza Dias, Dinamara Souza Dias, Sérgio Fogaça e Emiliano Becker. No Cessna, morreram o piloto Luís Hoffmann e os passageiros Lúcio Parmegiani e Marcos Atayde.

 

Camila sobreviveu porque seu tio, Marcos Atayde, a protegeu durante a queda. Ela sofreu um corte na testa e traz até hoje uma cicatriz na memória. Hoje dentista, reside em Balneário Camboriú (SC), mas faz visitas frequentes a Gramado, ao PM que ajudou a resgatá-la das águas do açude após o acidente aéreo. Aqui, entrevista que ela concedeu na manhã desta terça-feira (24) para GZH. Confira!

 

O que tu lembras do acidente?

Lembro de tudo. Nossa casa em Canela era bem pertinho do aeroclube. Morei lá até os cinco anos de idade, fomos para Novo Hamburgo, mas mantínhamos contatos com familiares na Serra e seguido íamos lá. Naquele 22 de outubro, era Dia do Aviador, eu estava com o tio Marcos Atayde quando ele me convidou para um voo. Sempre quis voar e aceitei na hora. Fomos de bicicleta até os aviões, para um voo panorâmico. Embarcamos eu e meu tio na parte de trás do avião.

Decolamos, deu uns três minutos e ouvimos um estouro muito grande. Não sabíamos que era outro avião, o piloto achou que tinha explodido alguma coisa. Ele estava muito nervoso, tentava falar por rádio com o aeroclube, mas não conseguia. Pensou em pousar e conduziu a aeronave para um açude. Eu não sabia, mas ele já tinha feito pouso de emergência uma vez, numa barragem. Acho que pensou em amortecer na água, mas não deu.

O avião embicou. O outro avião bateu, caiu em espiral e bateu perto de uma floricultura em Gramado. Por sorte, nosso aparelho caiu num sítio em que os donos, o Eder e o Joni, eram policiais militares. Sabiam como lidar com acidentes. Não pensaram duas vezes antes de entrar na água para nos resgatar.

 

Como foi a sequência?

Durante a queda, após o estouro, meu tio tirou o cinto e me colocou no colo como se fosse um casulo. Não lembro de mais nada. Só que eu rezava em voz alta. Passava um filme na minha cabeça, que aquilo era o fim, que não veria mais minha família. Ele ter me protegido fez com que o impacto ao bater na água fosse amortecido. Senão eu teria morrido também.

Quando a água entrou na aeronave, ele foi ejetado. Os outros dois ficaram presos nas ferragens. O Eder conseguiu me tirar cortando o cinto de segurança e me entregou para a esposa dele me levar ao hospital. Só depois de alguns dias as coisas foram clareando para mim.

 

Não tem como não sair mudada de uma situação como essa. Tem de dar valor às pequenas coisas

CAMILA ATAYDE MARTINS

E o que fica de toda essa tragédia?

Nasceu uma grande família. Hoje, o Eder e a Jaque, esposa dele, são como pai e mãe para mim. É assim que chamo eles. Eles participam de toda minha vida. Sou dinda de um netinho deles. Ali se criou um laço de amor e gratidão, meus pais também são gratos demais a eles.

 

Pensas seguidamente no assunto?

Então…o tempo traz outras percepções. No início, tinha muitos medos. Tive de passar por um processo terapêutico para deixar coisas para trás. Hoje já consigo entender que no meio de tanta coisa ruim e tristeza que aconteceu, ganhei um presente. Que foi minha vida. Não tem como não sair mudada de uma situação como essa. Tem de dar valor às pequenas coisas. A gente pode estar aqui, tomando café, e de repente não estar mais.

Quando aconteceu esse acidente aéreo agora (em Gramado, dia 22), comecei a receber mensagens no celular, dizendo “que bom que estás aqui, que estás viva!”. Aí entrei na internet e vi. Muito louco, porque foi dia 22 também, no mesmo lugar. Lembrei de tudo. Gramado e Canela tem aquela cerração, né? Voltei no tempo e na tristeza profunda que trazia registrada na minha memória. E fico imaginando o quanto está doendo para os familiares das vítimas. Só o tempo nos ensina a acalmar essa dor.

 

gauchazh.clicrbs.com.br

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